Dia Mundial do Rim: Cristo Redentor é iluminado para conscientização sobre doença renal crônica e especialistas alertam para crise das unidades de diálise

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Rio de Janeiro, RJ 9/3/2021 –

Doença atinge cerca de 5 milhões de brasileiros, sendo 13 mil cariocas, que precisam de diálise ou estão na fila de transplante. Diante da crise agravada pela revogação da isenção de ICMS, clínicas de diálise correm o risco de fechar e pacientes ficarem sem tratamento

O dia 11 de março será lembrado pelo Dia Mundial do Rim, campanha anual que tem como objetivo alertar a população sobre um grave problema: a doença renal crônica (DRC), que atinge cerca de 5 milhões de brasileiros, sendo cerca de 140 mil na fase mais avançada que precisam de algum tipo de diálise e cerca de 40 mil que estão na fila de transplantes. Só no Rio de Janeiro, 13 mil cariocas sofrem com a doença de progressão silenciosa segundo dados da Sociedade de Nefrologia do Estado do Rio de Janeiro (Sonerj). Pacientes que podem ter seus tratamentos suspensos de uma hora para a outra, caso as clínicas de diálise conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS) fechem por causa do agravamento da crise no setor.

Mesmo diante da crise, a Sonerj mantém o objetivo de conscientizar a população sobre as doenças renais e promoverá a iluminação do Cristo Redentor com as cores azul e vermelho, no dia 11, às 19h, em alusão à data comemorativa.
Mas os nefrologistas e as clínicas de diálise conveniadas ao SUS não têm muito o que comemorar, afinal, a crise financeira agravada pelo fim da isenção de ICMS acarreta uma nova carga tributária que ultrapassa 20% no custo de medicamentos e insumos fundamentais para o tratamento da diálise, causando um impacto de cerca de R$ 100 milhões por ano, segundo a Sonerj. A decisão do Governo do estado de São Paulo passou a valer na virada para 2021.

De acordo com Pedro Tulio Rocha, presidente da Sonerj, a decisão afeta o setor de nefrologia em todo o país, pois, apesar de tratar-se de um imposto estadual, o impacto acomete todo o Brasil em razão das operações interestaduais de compra de mercadorias e insumos.

“Estamos diante de um cenário preocupante, e a perspectiva é de agravamento da crise nas clínicas de diálise conveniadas ao SUS, locais que já sofrem com o sucateamento e com a falta de verba, agravada ainda mais pela pandemia, que tornou a hemodiálise um tratamento ainda mais requisitado e caro. A crise financeira já instaurada pode impactar na redução da qualidade assistencial e até mesmo na viabilidade do setor, com a iminência de as clínicas fecharem por não terem capacidade de absorver esse aumento expressivo nos custos”, afirma Pedro Tulio.

Segundo a entidade, o cenário pode afetar a continuidade do tratamento de cerca de 140 mil brasileiros renais crônicos, sendo 85% deles dependentes do SUS. “O fim da isenção fiscal coloca em risco a vida da população e a manutenção desses centros em todo o país. A diálise não pode parar”, comenta o presidente da Sonerj.

Saiba mais sobre o Dia Mundial do Rim e a doença renal crônica (DRC)

A campanha Dia Mundial do Rim acontece anualmente desde 2006, e o tema central deste ano é “Vivendo Bem com a Doença Renal”, o que reforça a necessidade do acolhimento do paciente renal crônico e da sua inclusão na vida cotidiana. Entretanto, o dr. Pedro Tulio Rocha alerta, principalmente, para a prevenção do problema: “Para o portador de DRC – incluindo aqueles que dependem de diálise e os transplantados renais -, o apoio e acolhimento também são fundamentais durante o tratamento para que levem uma rotina normal. Mas nosso principal alerta para a população é reforçar os cuidados com a saúde dos rins, por meio de medidas de prevenção, sobretudo pelo controle da hipertensão e do diabetes, as principais causas da doença renal crônica”, afirma.

A doença renal crônica se caracteriza por uma lesão nos rins que se mantém por três meses ou mais e é capaz de alterar o funcionamento do órgão, impactando funções vitais como regular a pressão arterial; “filtrar” o sangue; eliminar as toxinas do corpo; controlar a quantidade de sal e água do organismo e produzir hormônios que evitam a anemia e as doenças ósseas, entre outras.

Entre as principais causas, o nefrologista e presidente da Sonerj aponta o diabetes, a pressão alta (hipertensão), as infecções do tecido renal e o uso excessivo de alguns medicamentos, que podem reduzir a função dos rins a longo prazo.

Segundo o médico, em geral, nos estágios iniciais, a DRC é silenciosa, ou seja, não apresenta sintomas ou são poucos e inespecíficos. “Em muitos casos, a doença progride e o diagnóstico acontece tardiamente, quando o funcionamento dos rins já está bastante comprometido, sendo necessário o tratamento de diálise ou transplante renal. Desse modo, são fundamentais a prevenção e o diagnóstico precoce com exames de baixo custo, como a creatinina no sangue e o exame de urina simples. Com eles é possível evitar os agravos da doença”, esclarece Pedro Tulio.

Entre os sinais de alerta da DRC, o nefrologista cita menor produção de urina; inchaço nas mãos, no rosto e nas pernas; falta de ar; dificuldade para dormir; perda de apetite; náusea e vômito; pressão alta e sensação de frio e cansaço. “Quanto mais cedo se notarem os sinais, melhor será para o paciente, que receberá o diagnóstico preciso e o tratamento adequado. A ajuda certa no momento oportuno pode evitar o avanço da doença renal”, finaliza.

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