Empresa paranaense adquire carteira de ativos estimada em R$ 3,7 bi

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Setor de securitização está em ampla expansão e prevê crescimento de 100% no próximo ano. Atuação traz benefícios à economia, ao facilitar regularização de dívidas

A empresa Solve Securitizadora, de Curitiba, acaba de fazer aquisição de grande porte de títulos de dívidas junto a um banco brasileiro. A carteira, estimada em R$ 3,7 bilhões, coloca a empresa paraense em um mercado até então dominado por fundos e securitizadoras de São Paulo.

A carteira adquirida soma mais de 14 mil contratos, com mais de 1.300 ações ajuizadas. A compra ocorreu após análise detalhada dos ativos, conforme o CEO da Solve, o advogado Alexandre Nelson Ferraz. “Observamos tempo de vencimento, garantias e locais onde estão distribuídas as ações. Percebemos grandes oportunidades para que a recuperação atinja até 100% do valor investido nessa carteira”.

O CEO da Solve destaca que a análise rigorosa e a capacidade de investigação são diferenciais fundamentais nesse mercado. “A Solve foi criada após a expertise de 20 anos no mercado de recuperação de crédito para grandes instituições financeiras, securitizadoras, cooperativas e fundos. Com essa experiência, ficou mais fácil analisar as curvas de recuperação para precificar a carteira. É diferente de um fundo, que vai contratar um terceiro como service. O fundo tem o valor para investir, mas não tem a expertise de precificação e de curvas de recuperação”.

Além da recente carteira adquirida em Outubro, a Solve administra ativos estressados há cerca de 1 ano, que totalizam mais de R$ 4 bilhões. A entrada no mercado foi possível graças à atuação de Ferraz, que está no ramo há 20 anos como advogado de instituições financeiras, bem como à participação dos outros dois sócios majoritários, um do ramo cimentício e outro do agronegócio. “Unindo a experiência dos três sócios foi possível ter forças para que uma empresa paranaense possa disputar com os grandes de São Paulo”.

Para conseguir participar dos leilões dos bancos é preciso boa reputação, uma vez que as instituições financeiras têm sua marca atrelada às empresas que passam a administrar os ativos. Além disso, é necessário estar regularizado junto ao Banco Central e seguir diferentes normas de compliance. “Os bancos têm de mostrar para o Banco Central que venderam ativos para uma empresa que tem capacidade de compra, que o dinheiro tem origem legal, e que, portanto, não afetará a imagem da instituição”, explica Ferraz.

Expansão do setor
Em ampla expansão, o mercado de securitização prevê crescimento de mais de 100% no próximo ano, entre outros motivos, por causa da pandemia. “É um mercado que vem crescendo há anos. Na Europa e nos Estados Unidos, a venda de carteiras é corriqueira. No Brasil, está se criando essa cultura. Normalmente, os grandes bancos vendem R$ 30 bilhões de títulos por ano. Para 2021, projetamos mais de R$ 60 bilhões”.

Oportunidade de investimento
O setor de securitização pode ser uma boa oportunidade para investimento, mas Ferraz alerta que existem riscos e que se trata de um mercado que deve ser operado por investidores qualificados. A rentabilidade, segundo ele, está na casa dos 20% ao ano, acima de investimentos comuns, que variam entre 2 % e 4%. “O investidor pode ganhar muito mais que esses 20%. Porém, há o risco também de perder 100% de seu investimento, já que a garantia são apenas os créditos inadimplentes”.

Para que o sucesso seja maior, é fundamental o trabalho de uma empresa especializada na investigação. “É preciso saber onde procurar e investigar. Não adianta comprar carteira grande achando que trabalhando o ABC vai recuperar. Tem de fazer algo fora da casinha. Tem de ter ferramentas eletrônicas e de estudo. É preciso estar disposto a trabalhar com a tese de uma desconsideração da personalidade jurídica, que vai envolver um grupo econômico, uma sucessão empresarial, um desvio de patrimônio. Para tudo isso é necessária a retaguarda de advogados experientes, que conheçam as teses jurídicas e o que os tribunais estão concedendo”.

Benefícios à economia
O CEO da Solve destaca que o setor de securitização traz diferentes benefícios à economia, ao permitir que os credores regularizem seus balanços e que os devedores normalizem sua situação por valores atrativos. “As securitizadoras não querem arrastar um processo por 10 anos, mas, sim, comprar e tentar recuperar o crédito o quanto antes. Com isso, estuda o cliente e poderá conceder descontos, às vezes, bem vantajosos para aqueles devedores que querem limpar o nome”.

Outro benefício promovido por esse setor é tirar do mercado o devedor profissional, que se utiliza de diferentes técnicas para obter crédito de maneira vantajosa. “As securitizadoras, por comprarem o crédito com deságio maior, investem na investigação, e com isso tiram do mercado aquele devedor contumaz, que se aproveita de diferentes situações, como desvio patrimonial, para tirar vantagem. Assim, impedimos que essa pessoa fraude alguma instituição novamente. Mostramos ao mercado que não vale a pena dar golpe”.

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