Etiquetagem de fake news nos tuítes de Trump e como essa ferramenta pode mudar o status de “terra sem lei” da internet

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Bruno Maciel, especialista em mídias sociais e tecnologia, aponta que as ferramentas são as primeiras diretrizes que buscam solucionar o problema de forma efetiva

Fake News. O termo pode parecer novo, mas a sua essência nem de longe é atual. Mentiras são divulgadas como verdade desde as civilizações mais antiga, mas foi com o poder de compartilhamento da internet que a questão se tornou uma ferramenta perigosa que pode ser a catalisadora de riscos à saúde, violência, preconceito e pode até levar à morte de pessoas.

Nesse cenário, internautas consomem “conteúdos noticiosos” sem saber a procedência daquela informação. Como uma forma de frear o fenômeno que vem impactando a política e outras áreas da sociedade, as redes sociais, palco principal das fake news, estão adotando a etiquetagem de informações duvidosas. Prova disso é o que vem ocorrendo com o presidente Donald Trump durante toda apuração dos votos da eleição presidencial, que deu vitória a Joe Biden, tuitou sobre fraudes no processo — sem provas.

Questionando a lisura do processo eleitoral — que neste ano registrou recorde de comparecimento às urnas, sendo que 64 milhões pessoas votaram por correspondência — o atual presidente estadunidense Donald Trump acusou o candidato democrata de fraudar as eleições. Nas postagens com esses conteúdos, a plataforma Twitter adicionou o a etiqueta: “Parte ou todo o conteúdo publicado neste ‘tweet’ é contestado e poderá ser enganoso sobre as eleições ou outros processos cívicos”.

Para o especialista em tecnologia e redes sociais Bruno Maciel, essa sinalização chega como um respostas aos anos em que o espaço web foi considerado “uma terra sem lei”. “A grande maioria dos internautas considera que dentro das redes é um lugar seguro para fazer ou falar coisas que não seriam propagadas em voz alta. Além disso, a facilidade de compartilhamento e a forma como o conteúdo é consumido leva a acreditar que ali, naquele espaço, é possível criar sua própria verdade”, comenta.

O cenário se torna preocupante ao analisar que qualquer pessoa com um cartão de crédito, pode impulsionar a “verdade” e torná-la irrefutável. “O grande problema das fake news atualmente é que elas são facilmente propagáveis, mas a sua reversão é difícil de ter o mesmo alcance”, aponta. A sinalização do conteúdo seria uma forma de minimizar a quantidade de pessoas que vão consumir aquele conteúdo acreditando que ele é verdadeiro.

Segundo Bruno Maciel, não há dúvida de que as leis devem ser aplicadas no contexto cibernético, justamente para fazer com que crimes do mundo real também possam ser punidos no mundo das redes, como é o caso do racismo, fazendo com que crimes da web possam ser julgados de forma equivalente aos seus danos. “A propagação de fake news é danosa, pois põe em xeque não apenas as pessoas como também toda a estruturação do mundo no qual vivemos”, alerta.

 

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