Os criminosos sempre seguem o dinheiro e no Brasil não é diferente. No passado, o dinheiro era guardado em agências bancárias e, por causa disso, com frequência eram noticiados grandes assaltos a bancos no país. Uma ação criminosa desse porte era trabalhosa e exigia que os ladrões entendessem até de engenharia e arquitetura. Em 2021, os assaltos presenciais diminuíram em 69% em relação a 2014, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mesmo assim foram assaltadas 388 instituições financeiras.
Com o tempo, os bandidos encontraram caminhos mais fáceis, como as famosas “saidinhas de banco” em 2012, um assalto em que uma vítima era abordada logo depois de ter sacado uma grande quantia em uma agência ou em um caixa eletrônico. Outro avanço no modus operandi foi manchete em todos os jornais por volta de 2016 – os casos de explosão de caixas eletrônicos. Atualmente, os bandidos não precisam mais arquitetar roubos grandiosos, precisam só ter um computador ou celular a mão, o que trouxe ares epidêmicos para a criminalidade. Estima-se que, atualmente, haja uma tentativa de fraude a cada 11 segundos no Brasil, de acordo com a Accenture.
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“De acordo com a Febraban, em 2023, 31% dos brasileiros informaram terem sido vítimas de golpes cibernéticos ou de tentativas. Nas parcelas da população com mais instrução e renda, os percentuais são ainda maiores, entre 39% e 41%, respectivamente. O golpe mais recorrente é a clonagem ou troca de cartões, situação vivida, principalmente, por pessoas na faixa etária de 25 a 44 anos, com ensino superior e renda mensal acima de cinco salários-mínimos. São números realmente alarmantes e que exigem toda atenção das instituições, da população e das autoridades públicas”, afirma Eduardo Lopes, CEO da Redbelt Security, consultoria especializada em cibersegurança. Em segundo lugar, aparecem empatados dois tipos de golpes: aqueles nos quais alguém se passa por um conhecido da vítima e pede dinheiro pelo WhatsApp e aqueles em que fingem uma chamada de uma falsa central para solicitação de dados por telefone.
Todos os anos, o setor financeiro investe R$ 30 bilhões em tecnologia, sendo 10% deste total voltados para a cibersegurança. É esse investimento em segurança que faz com que o fraudador brasileiro se volte para o cliente final, já que as empresas do setor estão constantemente fortalecendo as barreiras de proteção. “Esta constatação tem motivado os bancos a investirem milhões em novas tecnologias de proteção cibernética, treinamento de suas equipes e em amplas campanhas publicitárias para conscientizar os colaboradores e clientes sobre a necessidade de se protegerem e adotarem as melhores práticas para evitarem fraudes e crimes digitais”, informa o CEO da Redbelt.
a que os bancos têm investimentos consistentes em pesquisa e desenvolvimento, bem como na aquisição de novas tecnologias de segurança da informação nacionais e internacionais, mas os criminosos se sofisticam com uma frequência surpreendente também. “O golpista não é uma pessoa ignorante ou um gênio do mal. É um cidadão comum que conhece bem os processos do banco, tem boa lábia e sabe usar a tecnologia a seu favor. Sabe onde comprar artefatos, como sistemas que simulam a URA dos bancos, called ID spoof, malwares etc., para, por meio de engenharia social, conseguir convencer a vítima a realizar uma transferência fraudulenta para uma conta que ele passa no contato ou então usa para roubar dados e ganhar dinheiro fácil”, detalha a especialista. Ela explica que estes criminosos têm a habilidade de mexer com o emocional das pessoas para desestabilizá-las e pressioná-las a tomar decisões imediatistas e sem pensar.
Outro golpe que aflige os usuários do sistema financeiro se refere ao uso indevido de suas identidades. Pesquisa recente da Veriff, empresa global de serviços de verificação de identidade, as fraudes de identidade representam 56% dos ataques ao setor de fintechs. Já a edição desse ano do Relatório de Crimes e Fraudes Financeiras do The Paypers, uma das principais fontes independentes de notícias e análises sobre o setor global de fintechs, mostrou que ataques de login e os realizados por meio de contas falsas aumentam 85% ano a ano, com uma invasão de conta se concretizando a cada quinta tentativa de login.