* Por Victor Mouadeb, executivo responsável por patrimônios da EWZ Capital
A morte de um ídolo pode acarretar inúmeros sentimentos, ainda mais se acontece precocemente. É comum sentir indignação e lamentar a perda do talento, por tudo o que não será produzido, seja na música, nas artes, nas ciências. Diante do inesperado, as pessoas costumam se colocar no lugar do outro de maneira empática. O sentimento de proteção para com os filhos e familiares também fica evidente. Nesse momento é comum que as seguradoras e administradoras de patrimônio percebam um efeito curioso, como o aumento da procura por seguros de vida. Mas, na prática, o que essas coisas distintas têm em comum?
O falecimento precoce de um ídolo, ainda mais de forma acidental, traz a lembrança da fragilidade da vida e, em muitos casos, mostra as dificuldades e disputas relacionadas à sucessão patrimonial. É o caso do apresentador Gugu Liberato e da cantora Marília Mendonça, que deixou uma fortuna estimada em R$ 500 milhões. Os bens naturalmente irão passar para seu filho de dois anos, que está sob a guarda compartilhada do pai com a avó materna. Para ter acesso aos bens, é necessário, por exemplo, pagar o ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação. No caso dos bens da cantora, o valor estimado é de cerca de R$ 40 milhões, já que o percentual da taxa fica entre 2% e 8%, a depender do montante total do patrimônio e do estado em que a pessoa reside ou possui os bens.
Vale lembrar, para quem acha o valor alto, que na maioria dos países, o imposto fica em torno de 40%, chegando a 60% em alguns locais, como a Espanha. Sobre este aspecto, existem projetos no Brasil para tornar o ITCMD um imposto federal, não mais estadual, que ficaria com um percentual de 20% do total do valor do patrimônio. Caso isso aconteça, a procura por seguros de vida deve crescer muito mais, já que a consciência sobre o imposto deve aumentar.
É natural que as pessoas se preocupem com a segurança financeira de seus entes queridos, caso venham a falecer. Um empresário que sustenta os pais, os irmãos, a esposa e os filhos, por exemplo, pode ficar preocupado com o valor elevado de impostos que seriam cobrados para permitir o acesso ao seu patrimônio, o qual, muito possivelmente seus herdeiros não teriam condição de pagar.
É neste cenário que o seguro de vida ganha destaque. Ele é uma ferramenta capaz de facilitar o acesso a valores envolvidos na transição de patrimônio, além de servir como garantia em casos de acidentes e doenças parcial ou totalmente incapacitantes, protegendo o segurado e garantindo uma renda. É para ter essa garantia em vida que muitos solteiros buscam essa modalidade de seguro. Médicos cirurgiões, por exemplo, frequentemente fazem aditivos em seus seguros de vida para proteger sua principal ferramenta de trabalho: suas mãos.
No Brasil, infelizmente, ainda não existe uma cultura do seguro de vida, embora o segmento esteja crescendo. De acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), a arrecadação de prêmios pelas seguradoras no segmento atingiu R$ 8 bilhões no período de janeiro a setembro de 2021, crescimento de 29% sobre o mesmo período de 2020.
Mesmo com a existência de plataformas digitais, algumas das próprias seguradoras, para contratação de seguros, a maioria dos brasileiros ainda precisa do acompanhamento e do contato humanizado de um corretor para fazer a contratação. Isso acontece porque as dúvidas são muitas, já que a população carece de informações sobre o tema, que não é amplamente abordado.
Entre as muitas opções que geram confusão estão: pagamento mensal ou anual, seguro permanente (vida inteira do segurado) ou temporário (período de tempo determinado, exemplo do pai que contrata até o filho completar a faculdade, para garantir que os estudos não sejam interrompidos por alguma intercorrência), inclusão de aditivos (como doenças graves, invalidez parcial ou total), entre muitos fatores. Para esclarecer esses pontos, é importante a consultoria de um profissional qualificado, até mesmo para lembrar o segurado da importância do seguro.
Infelizmente, com o decorrer do tempo, sobretudo nos casos em que o pagamento é mensal, o indivíduo vê o dinheiro sendo descontado, esquece porque fez o seguro e não enxerga os benefícios. É preciso que um profissional da área lembre ao segurado que o prêmio serve para proteção individual e de sua família, garantindo uma certa estabilidade financeira no caso de uma fatalidade.