Curitiba/PR 12/4/2021 – Os cientistas tratam a bioengenharia como uma revolução maior até mesmo que a Internet. E cada dia que passa, as evidências provam que eles podem estar certos.
Uma célula ou molécula pode ser “ensinada” a fazer algo melhor, mais rápido ou mais eficientemente do que estava programada inicialmente. Mas como isso impacta o dia a dia das pessoas?
Alguns cientistas tratam a bioengenharia e a biotecnologia como uma revolução tão grande ou até mesmo maior que a internet e a Revolução Digital. E cada dia que passa, surgem novas evidências de que eles podem estar certos.
No ano passado, o Prêmio Nobel de química condecorou as biólogas Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier por descobrirem o que pode ser a maior revolução genética da história, o CRISPR-Cas9.
O popular CRISPR (lê-se “crisper”) é um editor genético. O DNA de todos os seres vivos (humanos, animais, plantas, etc.) é composto das letras A, T, C e G escritas bilhões de vezes uma ao lado da outra. Se um código genético for lido sem entender o que ele quer dizer, a impressão é de que estas quatro letras foram jogadas em uma folha de forma aleatória, mas elas têm um significado muito importante. Então, imagine que, se no DNA de um indivíduo estiver escrito GTACTTAC, seus olhos serão verdes. Porém, se no DNA dele estiver escrito GTCCTTAC, seus olhos serão pretos.
O CRISPR é uma tecnologia que permite alterar este texto. Então, em um exemplo hipotético, seria possível pegar a frase “meus olhos são verdes” e usar o CRISPR para trocar a palavra “verdes” por “pretos”. Obviamente, o código genético para as cores dos olhos não são os exemplificados acima, o objetivo é explicar a tecnologia.
A aplicação em humanos ainda é proibida. Porém, já se sabe que esta tecnologia pode ser uma vacina para diversas doenças genéticas. Alzheimer, cegueira e até mesmo câncer. Nos próximos anos, provavelmente será possível ver esta tecnologia sendo aplicada para este fim em seres humanos. Porém, hoje já é uma tecnologia utilizada em diversos outros setores que fazem parte da vida cotidiana.
Em uma plantação de tomates, existem os que serão colhidos e os que serão descartados. Esta tecnologia possibilita que todos os tomates sejam idênticos e que o descarte seja próximo a zero. Isso pode ser aplicado ao trigo, soja, laranja, alface e assim por diante. Maximizando a produção, os recursos investidos e minimizando perdas e descartes.
Também pode ser utilizada na produção de proteína animal. O primeiro bovino editado geneticamente com CRISPR completou um ano no final de março passado. Este bovino é 15% mais produtivo que os bovinos comuns.
E como isso vai impactar a vida de todos? Se a indústria de carne puder produzir 15% a mais, usando a mesma quantidade de espaço, alimento e vacinas, a tendência é que haja mais carne disponível no mercado. Com isso, o preço tende a baixar. Em tempos onde os preços dos alimentos estão subindo, o uso desta tecnologia torna-se cada vez mais necessária. O mesmo pode acontecer com qualquer outro alimento, do tomate ao feijão.
No Brasil, já foi criada uma vaca editada geneticamente com o objetivo de produzir leite que não dê alergia e intolerância nas pessoas. Esta vaca é ainda muito jovem para produzir leite, mas em breve serão apresentados os resultados deste experimento, que pode ser muito positivo. Quem sofre de intolerância ao leite, sabe como a alimentação passa a se tornar mais difícil. E, muitas vezes, mais cara.
Precisamos encarar este tipo de movimento científico com muito otimismo. Há claros indícios de que esta nova tecnologia poderá mudar a vida de todos de uma forma como nunca antes. E será para melhor.
*Bruno Dreher é futurista pela Universidade Hebraica de Jerusalém (curso de inovação e futurismo mais prestigiado do mundo). Já prestou cursos chancelados por Harvard, Stanford e Dartmouth e exerceu cargos de liderança em grandes grupos de educação como Grupo A e Escola Conquer.
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