9/4/2021 –
Mestre em Design Estratégico, Administração e Marketing ressalta que incerteza é um fator constante na gestão, mas que deve movimentar, e não paralisar estratégias
O Grupo de Gestão Empresarial (GGE) do SEPRORGS trouxe, na edição de março, Rogério Delanhesi, diretor na Pulga Promoções e Consultoria, para debater a influência dos modelos mentais na organização das empresas de diversos setores e portes.
Na ocasião, Delanhesi, que é mestre em Design Estratégico e especializado em Humanidades, Administração e Marketing, trouxe inovação e reflexão aos empresários, ressaltando sua ideia de que toda e qualquer ação não é provocada apenas pelo contexto vivido, mas também pela interação do sujeito, influenciada por completo pelo seu modelo mental.
“Independente de qual seja o ato, se escovar os dentes ou definir um rumo estratégico da empresa, toda ação segue esse padrão. Sempre que estou agindo, estou planejando, mas não necessariamente formalizando”, diz Delanhesi.
Ele explica que no simples ato de se deslocar até a garagem para pegar o caro e se direcionar ao trabalho, já existe uma estratégia para chegar no horário que se precisa chegar. “Os modelos mentais, junto ao contexto vivido, determinam a ação. Esses modelos mentais são os 99 trilhões de sinapses presentes no cérebro, coordenando as minhas ações e, consequentemente, a gestão da minha empresa”, complementa o especialista.
Essas ações, segundo Delanhesi, se baseiam em modelos mentais criados até os seis anos de qualquer indivíduo. “No meu caso, tenho 62 anos e meus modelos mentais, ou quase todos os que definem as minhas ações, foram determinados há 56 anos”, diz. Se a cada momento de decisão sobre minha empresa eu não revisitar esses modelos, estarei regendo minha organização com 6 anos”, revela.
Para o caso de empresários com organizações de 10, 20, 30 anos, ele explica, são meninas e meninos muito competentes e com valores importantes. “Apesar disso, há 52 anos existia um determinado mundo e me parece que esse mundo se modificou bastante”, pontua.
Diante da constante transformação do cenário, a sugestão do especialista é que os empresários não queimem as antigas técnicas de gestão, mas ultrapassem-nas. “A empresa nada mais é do que um filho. Esse filho é fruto da sua formação, da sua gestão e da relação do contexto com seus modelos mentais. Conheça os contextos, mas principalmente se conheça”, aconselha.
A necessidade de exercícios de técnicas de autoconhecimento é uma questão de sobrevivência para as empresas. “O primeiro agente de solução de nossos problemas é realmente nosso exercício de autoconhecimento. Por exemplo, se essa empresa foi formada ainda no século XX, certamente tem conceitos determinados por uma epistemologia vigente naquela época de racionalismo científico. Isso não serve mais nos dias de hoje”, diz.
São conceitos que não conversam mais com a nova realidade. “Existe um novo modelo de trabalho de digitalização, mas têm empresas que ainda querem viver sem dialogar com o mundo digital. Ou querem sobreviver sem identificar a questão de gênero, por exemplo. Não é aceitável que se façam construções com apenas banheiro masculino e feminino, pois mudou o paradigma”, explica.
Delanhesi também falou sobre a grande dificuldade em perceber o que é tendência e o que é incerteza, e citou o exemplo da pandemia para ilustrar sua opinião. “O homem já resolveu a questão do Coronavírus, isso é tendência. Porém, quando nosso país vai se adequar, vacinar e dar fim ao problema é incerteza”, conta.
Além disso, as pessoas estão acostumadas à paralisação diante da incerteza. “Se se sentir incerto, permita que isso movimente você, não que o paralise. Se percebam, se reorganizem e afirmem o desejo de ultrapassar alguns conceitos”, pede o especialista.
Esse modelos de gestão utilizado durante a revolução industrial, segundo ele, não cabe mais. “O ciclo de entrar no mercado, ser reconhecido profissional e financeiramente para construir e manter os luxos não funciona mais. Esse conceito está relacionado a pessoas que apenas cumprem tarefas”, acrescenta.
Atualmente, a geração que vive seus 20 ou 30 anos já incorporou um novo modelo, até porque o luxo desses jovens não está mais no carro, na casa de praia, nada disso. As prioridades estão ligadas ao propósito de vida. “As pessoas querem saber se a vocação está equilibrada com a missão da empresa”, diz.
A dica é revisitar propósitos e analisar competências. Se ambas casarem com a alma da empresa, os diretores estarão mais motivados e, consequentemente, as pessoas que trabalham para eles também.
A solução dos problemas está na metodologia que incorporamos na cultura da empresa para resolvê-los: ressignificá-los. “Analisar seu contexto e projetar seus cenários futuros, através de incertezas é o que desenvolverá a todos na sua empresa, inclusive a sua liderança”, concluiu.