residente da CNseg, que participou da abertura do 20º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, em Goiânia, afirma que setor precisa ser inserido nas políticas públicas que conduzam o país a uma nova fronteira sustentável
O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Marcio Serôa de Araujo Coriolano, ressaltou nesta quinta-feira (12) na abertura do 20º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, em Goiânia, a resiliência do setor de seguros durante o período recessivo recente no Brasil. Coriolano também destacou que o momento é de retomada do crescimento sustentado e inclusivo. Mas deixou claro que o setor hoje se mostra maduro o suficiente para requerer um assento nos órgãos deliberativos do sistema securitário e ocupar espaço no centro das políticas públicas do país, defendendo um papel institucional que seja proporcional à importância do seguro para a sociedade brasileira.
”Queremos estar no centro das políticas públicas que conduzam o país a uma nova fronteira civilizatória, sustentável, porque a proteção do seguro rima com sustentabilidade. Rima com a economia de gastos do governo. Rima com as reformas estruturais que a nação precisa e deseja. Rima com progresso. Portanto temos o direito de requerer um assento nos órgãos deliberativos do sistema securitário, no CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados) e no Consu (Conselho Nacional de Saúde Suplementar). Estamos maduros para tanto”, disse Coriolano, que completou: “E essa resistência do setor de seguros não é fruto do acaso, mas é resultado da crescente preferência da população pela proteção securitária. e é também fruto da confiança de seguradores e corretores no futuro do país, com estabilidade, ética e progresso.”
O presidente da CNseg frisou sobre a importância de uma proposta junto aos três Poderes articulada e assertiva de medidas que permitam liberar a contribuição decisiva do sistema de seguros para a recuperação da economia e para o suporte à sociedade, em novas bases. “Essas medidas já são consensualmente conhecidas e equacionadas”, ponderou Coriolano, que, segundo ele, são as seguintes: a privatização do seguro de acidentes do trabalho; o destravamento das normas subsidiárias para o seguro de vida universal e dos novos VGBL e PGBL; a conclusão da nova Lei de licitações e do seguro de garantia de obras; a criação do tão almejado Previsaúde; o novo modelo de garantias do seguro rural e a regulamentação inclusiva do microsseguro e da livre escolha de oficinas referenciadas no seguro de Auto popular.
Coriolano sinalizou também para a importância de um regime especial de agência para a Superintendência de Seguros Privados (Susep). “Temos o direito de apoiar firmemente o fortalecimento da Susep como autarquia blindada e com regime especial de agência. Ela está madura para tanto”, afirmou ele, que elogiou o empenho do superintendente da Susep, Joaquim Mendanha, na adoção de medidas urgentes para que o setor suportasse a crise econômica do país com ações e respostas precisas ao mercado e aos consumidores de seguros. Coriolano também destacou o trabalho conjunto com a Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), que tem como presidente Armando Vergílio, na busca contínua de uma agenda comum produtiva para o setor.
O presidente da CNseg concluiu seu discurso elogiando a Fenacor por eleger como tema central do Congresso “O mundo digital”. “Longe de representar uma ameaça, saberemos reconhecer aqui uma oportunidade de unir as novas tecnologias já abraçadas pelos cidadãos e uni-las com o papel indispensável do corretor de seguros de orientar e dar suporte para as melhores escolhas dos consumidores”, finalizou.
Joaquim Mendanha, em seu discurso, exaltou a relevância do evento para o setor de seguros e o papel do corretor para o desenvolvimento do mercado. O superintendente da Susep também assinalou a necessidade de a autarquia também trabalhar como agente para a evolução do setor, criando inclusive produtos. “A palavra que melhor se encaixa e está faltando para esse mercado é ousadia. Esse mercado precisa voltar às suas origens para que ele possa responder às necessidades desse consumidor final”, disse ele, que ressaltou ainda o amplo diálogo que vem empregando com todos os atores do mercado securitário. “Temos trabalhado muito para esse ambiente aqui favorável.”
Combate ao mercado marginal
Os avanços da proteção veicular e do mercado marginal também foram lembrados nos discursos de abertura do congresso dos corretores. Coriolano foi incisivo ao afirmar que este mercado à margem da legislação e sem regulação. “Estamos juntos para combater essa praga chamada de proteção veicular”, verbalizou Coriolano, que defende o livre mercado, porém com todos devidamente regulados e respeitando à concorrência.
A Susep determinou à área de conduta da autarquia que no máximo em 20 dias seja apresentada a solução final para a atividade da proteção veicular no país. “Tenho certeza de que será importante para o combate a esse mercado marginal”, frisou. “Também com relação ao mercado marginal estarei na próxima semana lançando um grupo de trabalho, com a Fenacor, a ENS (Escola Nacional de Seguros) e a CNseg para que possamos estudar quais as atuações que podemos fazer com esse mercado (marginal) para que possa ter o seu fim e que o espaço seja ocupado pelo mercado regulado”, afirmou.
O presidente da Fenacor, Armando Vergílio, foi enfático ao afirmar que o cenário atual, sobretudo por ser ditado pela via digital, exige uma célere adaptação do setor securitário. Caso contrário, o avanço do mercado marginal se intensificará ainda mais, como acontece atualmente com a proteção veicular. “E isso irá para outros ramos do seguro”, alertou ele, para quem a situação somente será revertida com uma aliança dos principais atores do mercado para sensibilizar governo e reguladores. Segundo ele, falta realmente interesse do governo em colocar o seguro em uma agenda pública para o desenvolvimento do país, mas falta também uma mobilização maciça do setor para que isso se concretize, recorrendo à inovação, sobretudo a tecnológica, para atrair o consumidor. “O desafio mais gritante para o seguro é a falta de produtos inovadores”, disse Vergílio, para quem o mercado de seguros cresceu, desenvolveu-se, mas ostentou ao longo dos anos muitas cicatrizes. “É preciso que o seguro saia da zona de conforto”, completou.
Também participaram da mesa de abertura do evento o governador de Goiás, Marconi Perillo, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Dyogo Henrique de Oliveira, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, o presidente da ENS, Robert Bittar, o presidente do Sincor-GO, Henderson de Paula Rodrigues, e o deputado federal Lucas Vergílio (SD/GO).