A MAPFRE Economics — área do Grupo MAPFRE dedicada a pesquisas e análises sobre seguros, previdência, macroeconomia e finanças – acaba de ajustar, em sua atualização da pesquisa “Panorama Econômico e Setorial: Perspectivas para o 2º Trimestre 2022”, a previsão para o crescimento real do PIB do Brasil. A partir de indicadores econômicos, o levantamento aponta que a economia brasileira sofrerá uma desaceleração em 2022 para 0,7%, frente aos 5% que cresceu em 2021. Em janeiro deste ano, a área de pesquisas da seguradora havia previsto crescimento de 0,5%.
De acordo com o estudo, o comportamento das exportações — que deverão crescer 1% – geram dúvidas. Por um lado, há a alta procura e preços das matérias-primas, mas, por outro, o problema da sua escassez e dos fertilizantes nos mercados internacionais poderá afetar as exportações agrícolas.
Em outros indicadores, a pesquisa mostra que tanto o consumo privado (+3,9% em 2021 para +2,6% em 2022) quanto os investimentos (+17,3 em 2021 para -4,1% em 2022) sofrerão desacelerações. No caso do consumo privado, haverá moderações devido à inflação e aos problemas nas cadeias de abastecimento globais, afetando, principalmente, a produção de automóveis — as matrículas de veículos caíram 23% em fevereiro e estão em patamares de meados de 2019. Também contribui para o cenário o desempenho da bolsa de valores, principalmente, por conta da performance das companhias mineradoras, de combustíveis e os bancos. “Com toda essa equação, que envolve diversos indicadores, elevamos um pouco nossa projeção de crescimento do PIB brasileiro em dois décimos. Embora ainda seja um crescimento muito limitado para se adaptar ao vento favorável dos preços das matérias-primas, o contexto geral continua negativo, com custos de energia elevados e inflação, que ainda não se estabilizaram e que irão reduzir o consumo das famílias”, explica Manuel Aguilera Verduzco, diretor-geral da MAPFRE Economics.
Na avaliação do executivo e de sua equipe, os aumentos das taxas SELIC e das previsões de inflação, tanto para este ano quanto para 2023, consideram o combate aos impactos secundários do atual choque de preços sobre as matérias-primas, que se manifestam com certa defasagem aos demais preços. “Sem prejuízo ao seu objetivo de garantir a estabilidade dos preços, as decisões do COPOM implicam também na suavização das flutuações do nível da atividade econômica e à promoção do pleno emprego. Da mesma forma, o Banco Central considera que, face às suas projeções e ao risco de desancoragem das expectativas de longo prazo, é previsto que o ciclo de aperto monetário continue a avançar significativamente”, comenta Verduzco.
A MAPFRE Economics observa em seu relatório que o risco mais importante, atualmente, para a economia brasileira é o da inflação, e que as expectativas estão ancoradas em patamares mais elevados, com reação ágil do Banco Central em elevar as taxas de juros. Isso tem sido positivo para os investimentos e para a moeda, que se valorizou nos últimos três meses. Ainda assim, o custo da inflação e taxas de juros mais altas se traduz em uma desaceleração da economia.
Previsões para o mercado segurador brasileiro
Como apontado pela área de estudos da MAPFRE, em 2022, estima-se que a economia brasileira sofrerá uma desaceleração significativa em decorrência do aperto da política monetária, a fim de controlar a inflação bem acima da meta do Banco Central. Essas medidas têm um efeito positivo sobre as taxas de câmbio, o que pode oferecer algum alívio do impacto negativo que a inflação tem sobre a rentabilidade das seguradoras.
A situação de enfraquecimento econômico neste ano poderá reduzir o crescimento dos seguros Não-Vida, que, em 2021, registaram uma notável recuperação. Problemas nas cadeias de suprimentos globais continuam afetando a produção de automóveis e registros de veículos novos, que ainda estão longe dos níveis pré-pandemia e, por esse motivo, continuarão a pesar nos seguros Auto. Por outro lado, o enquadramento das taxas de juros após suas últimas altas continua a ser muito favorável ao desenvolvimento do negócio de seguros de Vida, Previdência e rendas vitalícias, como instrumento utilizado pelas famílias para proteger as suas economias face à subida da inflação.
“A expectativa de que as taxas de juros estejam próximas dos níveis máximos e que possam cair quando a inflação começar a diminuir, pode favorecer o desenvolvimento de produtos com taxas de juros garantidas no médio e longo prazo”, afirma Manuel Aguilera Verduzco.
Perspectivas para a economia mundial
A MAPFRE Economics alerta que, após um primeiro trimestre que conviveu com o otimismo, a condição geopolítica aprofundou o choque de oferta, o que causará uma deterioração significativa do nível global de atividade econômica e um aumento das pressões nos preços, com divergências por região. Conforme relatado no “Panorama Econômico e Setorial 2022: perspectivas para o segundo trimestre”, os economistas esperam crescimento de 3,6% para 2022, ante 4,8% no trimestre anterior, e 3,6%, em 2023, com a inflação subindo 6,8% e 4,1%, em média, no último trimestre em cada um dos anos.
Na avaliação da área de pesquisas da MAPFRE, para esses patamares serem atingidos, o impacto da pandemia deve ser mínimo e o conflito geopolítico deve ser mais limitado no período, com sanções consistentes as já estabelecidas, que durarão além de 2022. Nesse cenário, os preços do petróleo e gás permanecerão acima de US$ 100 ao longo do ano. Porém, dada a incerteza, a MAPFRE Economics contempla também uma possibilidade de cenário pessimista, mais próximo de uma situação de estagflação, ou seja, combinação de estagnação econômica e aumento da inflação. Neste sentido, haveria um corte adicional de quatro décimos para o PIB global e um aumento da dinâmica inflacionária.
Impacto no setor de seguros mundial
No estudo, a MAPFRE Economics considera que o contexto macroeconômico global de maior incerteza ofusca as perspectivas para o setor de seguros. A área de pesquisas considera que a rentabilidade pode ser afetada negativamente pela erosão da inflação nas margens empresariais, aumentando a pressão sobre os preços dos seguros em um momento em que o processo inflacionário vem para reduzir o poder de compra das famílias e torna mais difícil transferir para os preços o aumento dos custos.
Quanto ao volume de negócios Não-Vida, a pesquisa aponta que o seguro de automóveis continuará a mostrar queda nos registros de veículos novos (ainda longe dos níveis pré-crise), amplificados por gargalos na oferta derivados da escassez de semicondutores e alguns metais, como o alumínio, do qual a Rússia é um dos principais produtores. Essas interrupções nas cadeias de suprimentos continuam pesando nos registros de novos veículos, impactando negativamente o negócio de seguros.
Pelo lado positivo, porém, a MAPFRE Economics estima que algumas linhas de negócio, como seguro saúde e risco de vida, podem se beneficiar de uma maior sensibilidade ao risco de doença e morte como resultado da pandemia e da guerra, especialmente em países onde os sistemas públicos de saúde são mais deficitários. Outros segmentos importantes de negócios, como o multirrisco doméstico e industrial, também são frequentemente resilientes nessas situações.
Quanto às perspectivas para o seguro de vida, os contratempos e a alta volatilidade dos mercados de ações dificultam seu mercado, o que forçará as seguradoras a adaptarem seus produtos a um novo ambiente em que as taxas de juros livres de risco e os prêmios de risco na renda fixa estão subindo devido à retirada de estímulos monetários. Assim, o negócio de investimentos em seguros de vida enfrenta um panorama mais complexo, no qual o mercado soberano e de títulos corporativos está adquirindo uma importância maior.
Para conferir o relatório completo da MAPFRE Economics (em espanhol), acesse aqui.