Por: Carlos Alberto Pacheco
Matéria Especial
As novas regras da aposentadoria preveem o fim do modelo por tempo de contribuição, com a idade mínima de 65 anos (homens) e 62 (mulheres). Incluem-se mais 15 anos para o público feminino e 20 anos ao masculino. Para os homens que já estão na ativa, o tempo de recolhimento mínimo será também de 15 anos. Contudo, existe um problema neste cálculo: os 25 anos de contribuição garantem, segundo especialistas, 60% da média salarial. E quem quiser se aposentar pelo teto da remuneração, ou seja, R$ 5.839,45, precisará contribuir por 35 anos (mulheres) ou 40 anos (homens).
As novas regras receberam muitas críticas e ressalvas por especialistas da área econômica porque consideram que o trabalhador comum jamais alcançará patamar nesse nível. Irá prevalecer a realidade cruel dos beneficiários se aposentando bem mais tarde do que imaginariam e ganhando menos em relação a um aposentado nos dias de hoje.
Atualmente, os trabalhadores mais jovens sustentam a aposentadoria dos mais velhos. No projeto original de reforma da previdência do presidente Jair Bolsonaro, propôs-se a fórmula de um sistema de capitalização aos que ingressassem no mercado de trabalho. As contribuições de cada cidadão seriam administradas em contas individuais e por instituições financeiras. Seria o fim do atual sistema contributivo solidário, pois não haveria retaguarda financeira às pessoas em fase de aposentadoria. Ante o iminente colapso do sistema, os congressistas retiram da pauta a proposta de capitalização.
A previdência complementar, por sua vez, oferece meios para uma aposentadoria com dignidade. Na verdade, esse modelo previdenciário é, essencialmente, um investimento de longo prazo.Com o tempo, o dinheiro aplicado rende juros, até formar uma reserva financeira. “Longo prazo, porém, não é algo ruim. Pelo contrário: é possível começar a investir a partir de qualquer idade”, afirmam os técnicos da FIA – Fundação Instituto de Administração, de São Paulo.
A FIA fez uma simulação de uma pessoa com 40 anos que optou por um plano VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) de uma grande instituição financeira. Essa pessoa deseja um rendimento vitalício a partir dos 65 anos. Se o beneficiário começar hoje a aplicar R$ 500 por mês, terá direito a um rendimento de R$ 1.559,96 até o dia de sua morte. A FIA destaca: “O regime privado, existe muito mais liberdade para aplicar, o que permite fazer planos para o futuro com uma margem mais ampla”. Em suma, pode-se recorrer ao INSS, mesmo com as limitações impostas pelo mutualismo, mas está evidente agora que a previdência complementar é a garantia para um futuro bem longe do precipício financeiro.