Crise sanitária deve agravar desvalorização do real, diz especialista

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Não é preciso estudar Economia para perceber o quanto o real se desvalorizou nos últimos anos. Sobretudo, durante a pandemia de coronavírus. Toda dona de casa sente no bolso o poder de compra menor da moeda brasileira.

Para o professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) Matheus Albergaria, é difícil fazer uma previsão otimista para a Economia.

“Valendo-se do cenário atual, estamos com sérios problemas em termos de políticas sanitárias focadas no combate à Covid-19. Se as coisas continuarem andando a passos lentos nos próximos seis meses, com a vacinação devagar como tem ocorrido, podemos esperar uma contínua desvalorização do real”, opina.

O especialista acredita que, neste momento, é fundamental um maior grau de coordenação das políticas de saúde pública.

“Assistimos a uma tragédia anunciada no momento. Muito se fala, mas pouco se faz em âmbito nacional para combater de forma mais efetiva a crise sanitária. Os custos da omissão não são nada baixos: a disseminação de casos de COVID-19 e a perda de vidas humanas são uma tragédia que tem claros efeitos econômicos e sociais, a serem sentidos no curto, médio e longo prazos”, diz.

POR QUE O REAL SE DESVALORIZOU?

Na opinião de Albergaria, muitos fatores contribuíram para o cenário de desvalorização do Real, e todos eles afetaram diretamente a desvalorização da nossa moeda.

Em âmbito doméstico, diversos embates internos políticos, escândalos de corrupção e debates sobre a possibilidade de impeachment do Presidente da República contribuíram para a percepção que a comunidade internacional tem do País. Por outro lado, em âmbito internacional, o maior choque externo ocorrido no período recente foi, sem dúvida, a pandemia, que afetou todas as economias do mundo.

“Notamos um grande padrão de heterogeneidade entre as respostas econômicas e sanitárias de distintas nações. Alguns países lidaram bem com o vírus, outros não. Essa percepção da comunidade internacional pode vir a afetar significativamente a taxa de câmbio de um país”.

GOVERNO PRECISA AGIR

Para atenuar o cenário, o governo pode atuar de diversas maneiras.

“Há a possibilidade de operações cambiais, em que o governo compra e vende divisas, com o objetivo de tentar afetar a taxa de câmbio. Mas isso tem um limite: o total de divisas que o governo detém.

Pensando no médio e no longo prazos, o governo pode tentar mudar a percepção que os investidores internacionais têm do Brasil, promovendo reformas estruturantes, embora seja importante lembrar que reformas desse tipo levam tempo para serem plenamente efetivadas. O ponto mais importante a ser ressaltado no momento diz respeito à falta de coordenação das políticas públicas de saúde no País. O Brasil não pode se dar o luxo de continuar cometendo erros no combate à pandemia”, finaliza.

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