Estudo do Instituto Semeia traz 12 propostas para desenvolver o potencial do turismo em parques naturais brasileiros

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Com alavancas para o desenvolvimento do setor, impacto poderia representar até R$ 44 bilhões no PIB nacional e gerar quase 1 milhão de empregos

 

O Instituto Semeia, organização sem fins lucrativos que fomenta parcerias para que brasileiras e brasileiros tenham acesso a parques melhores, lança na quinta-feira, dia 21 de outubro, o estudo “Parques como vetores de desenvolvimento para o Brasil: Ecoturismo e potencial econômico do patrimônio natural brasileiro”.

 

A pesquisa inédita, realizada a partir de levantamentos e análises feitos em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), confirma que, por meio do turismo, os parques naturais do Brasil têm um grande potencial ainda subaproveitado e podem gerar impactos consideráveis para a economia e o desenvolvimento do país. Com base em dados de visitação dos parques brasileiros e de experiências de sucesso em outros países, o estudo projeta que nossos parques poderiam passar a receber até 56 milhões de visitantes por ano, número quatro vezes maior que o total de 2019.

 

Para melhor entender os caminhos para transformar esse potencial em realidade, os principais desafios do setor foram mapeados e, então, sistematizou-se 12 alavancas para um melhor desenvolvimento do turismo de natureza no país. Articulação de visão comum, governança para implementação da agenda, fontes alternativas de receita, esforços ativos para a promoção dos destinos, certificação de melhores práticas, concessões e parcerias com o setor privado e oferta coordenada de recursos são algumas delas. Em comum, todas têm a necessidade de maior integração de políticas públicas orientadas à agenda.

 

“O objetivo do estudo é quantificar o reconhecido potencial do turismo de natureza no Brasil e apresentar um norte para articulações de políticas e soluções estruturantes que, necessariamente, envolvem toda uma cadeia relacionada ao turismo nos parques”, afirma o diretor-presidente do Instituto Semeia, Fernando Pieroni. “Para alcançar o sucesso, é necessário engajar os diversos atores, de forma transversal a muitos setores como turismo, cultura e meio ambiente”, complementa.

 

O potencial turístico dos recursos naturais brasileiros é internacionalmente reconhecido, mas sua contribuição para a economia ainda é pequena. Enquanto o Brasil ocupa a 2ª posição no mundo no Índice de Competitividade Turística – publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2019 –, no que diz respeito a seu patrimônio natural, a participação do turismo de natureza em parques no PIB nacional é de cerca de 0,13% – entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões –, e corresponde a 209 mil empregos gerados, aproximadamente.

 

O crescimento da taxa de visitação leva a uma ampliação nos gastos totais dos turistas na região dos parques, uma vez que se aumenta também a demanda por alimentação, hospedagem, passeios guiados e outros serviços turísticos. Os resultados podem representar 978 mil postos de trabalho vinculados à visitação de parques naturais e seus entornos, com um impacto total no Produto Interno Bruto do País é estimado em R$ 44 bilhões – ou 0,61% do PIB, em valores de 2019, – multiplicando em mais de quatro vezes a participação dos parques na economia.

 

“Essa taxa deve ser alcançada de forma sustentável e gradual, visando a conservação do meio ambiente. O aumento da visitação só faz sentido se acontecer de maneira ordenada, gerando benefícios às áreas e às populações locais”, ressalta o coordenador de projetos do Instituto Semeia, Rodrigo Góes.

 

Desafios para o turismo de natureza

O estudo identificou quais são os principais gargalos que impedem os parques brasileiros de concretizar esse potencial do turismo de natureza, divididos em dois níveis: em escalas nacional e regional.

 

Os entraves nacionais incluem a visão desalinhada sobre a agenda de transformação dos parques naturais em âncoras de turismo; iniciativas desarticuladas e, em alguns casos, conflitantes, como as diferentes priorizações de parques e destinos; restrições orçamentárias; e o baixo reconhecimento dos parques brasileiros pelos públicos nacionais e internacionais.

 

Já os entraves regionais abrangem a dificuldade de acesso aos destinos; infraestrutura de visitação inadequada; oferta limitada de atrativos e serviços; e instrumentos de gestão e fiscalização sub-ótimos, como a defasagem dos planos de manejo dos parques, a falta de incentivos para aumentar a visitação e dificuldades para desenvolver e fiscalizar parcerias.

 

Alavancas

A partir dos entraves identificados e com base em uma análise de benchmark com parques naturais do exterior, foram mapeadas 12 alavancas, ou seja, possíveis soluções a serem acionadas para superar um ou mais desses desafios.

 

Para os entraves nacionais, o estudo propõe uma articulação de visão comum entre o setor público, bem como uma implementação efetiva de ações essenciais alinhadas à visão para o ecoturismo; fontes alternativas de receita, como a negociação de créditos de carbono para restaurar áreas degradadas; a criação de uma marca nacional para o turismo que ressalte os atributos naturais e culturais do país; esforços ativos para a promoção do ecoturismo; e a adoção de certificações de melhores práticas socioambientais e de segurança em toda a cadeia associada ao turismo de natureza.

Com um olhar para os desafios regionais, as alavancas propostas são: a estruturação de parcerias em parques que apoiem o desenvolvimento do destino; oferta coordenada de recursos financeiros para o desenvolvimento regional; estímulo para atividades de turismo de natureza em áreas privadas próximas aos parques; capacitações para empreendedores e trabalhadores das comunidades locais; e o fortalecimento dos órgãos ambientais, seja para a fiscalização e gestão de contratos, seja com incentivos para a expansão sustentável da visitação

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