Por Paulo Loureio, VP de Saúde e Benefícios da MDS Brasil
Em março de 2022 o mundo completou 2 anos de pandemia do novo coronavírus. E, no Brasil, enquanto acontecem maiores flexibilizações, ainda há muitas dúvidas sobre os próximos passos que devemos tomar no dia a dia. Afinal, a pandemia vai acabar? Vamos precisar de novas doses de reforço da vacina? E no âmbito das empresas, como será a volta aos escritórios? Híbrido, presencial ou ainda remoto?
O fato é que o ano de 2022 chegou com expectativas positivas em relação às mudanças nos ambientes corporativos. Porém, os departamentos de Recursos Humanos ainda enfrentam desafios em relação à implementação de formatos de trabalho mais adequados à atual conjuntura, assim como, o atendimento à adaptabilidade destes formatos com os trabalhadores. Devido às restrições sociais, e o atual cenário – que se encontra em fase de definição para decretar, ou não, a pandemia como uma “endemia” – há incertezas e análises rebuscadas, além de debates sobre o modelo ideal de trabalho (presencial, home office ou híbrido?). Os profissionais de Gestão de Pessoas se viram na necessidade de serem cada vez mais ágeis e flexíveis para lidar com todas as situações que surgiram durante a pandemia, sem qualquer preparação ou planejamento prévio.
Nunca se falou tanto em saúde mental no ambiente corporativo como nos dois últimos anos! Esse fenômeno se acentuou até por conta dos novos formatos de trabalho que surgiram, onde tanto as empresas como os trabalhadores tiveram que se adaptar de alguma forma à nova realidade que se apresentou. Não à toa, cargos curiosos, como Gerente de Felicidade, responsável pelo controle do clima organizacional de empresas, começaram a surgir em algumas corporações. Muitas incertezas ainda permanecem. Isso, porém, não impede – na verdade, nos motiva – a seguir com a atenção redobrada nas equipes, definindo um planejamento estratégico capaz de prever e, sobretudo, propor soluções para os diferentes cenários que se apresentam.
Diante desses tempos incertos, mapeamos algumas tendências que devem se destacar em 2022, bem como alguns pontos importantes para o desenvolvimento dos colaboradores. Acompanhe.
Recursos Humanos, Tecnologia e Saúde
As tendências aplicadas no setor de Recursos Humanos precisam, cada vez mais, se posicionarem com objetividade, precisão, flexibilidade e, ao mesmo tempo, com um olhar muito humanizado sobre cada desafio e necessidade dos profissionais. A área de Gestão de Pessoas e Benefícios desafia as empresas a buscarem novas ferramentas e mindsets que as ajudem a manter seus colaboradores engajados e motivados.
O setor de Recursos Humanos está em constante evolução, e isso acontece para que empresas e colaboradores estejam mais alinhados e tenham um fluxo de trabalho e relacionamento mais eficiente e socializado. Um RH mais disruptivo reforça essas relações, utilizando a tecnologia como uma aliada na otimização da gestão de pessoas através da coleta e análise de dados. Esta área deve se utilizar da tecnologia como um braço inteligente com dados que irão ajudar os profissionais a fazer a gestão das pessoas de maneira mais estratégica, efetiva e humana, podendo olhar para questões mais sensíveis e complexas com total eficiência.
Os serviços e tecnologias que cercam os pilares da saúde e benefícios podem trazer fluidez nos processos administrativos. Este tipo de suporte especializado traz avanços significativos para que o RH colabore ainda mais com o crescimento dos negócios nas organizações. Com a chegada do trabalho remoto, boa parte das empresas, independentemente do tamanho, adotaram a Inteligência Artificial para automatizar seus dados. Nos Recursos Humanos, esta prática, traz uma série de impactos positivos, lembrando que tudo depende de uma combinação eficaz entre pessoas, tarefas e aplicabilidade da tecnologia.
Entre os principais benefícios da tecnologia no RH, podemos destacar a automatização de processos e a diminuição da burocracia, permitindo que os profissionais foquem em questões estratégicas, na facilidade de tomada de decisão – no que corresponde à gestão de pessoas – e, também, na agilidade dos trâmites de recrutamento e seleção.
Bem-estar e saúde mental dos colaboradores
É certo que houve uma aceleração de mudanças comportamentais e, antes de assumir a responsabilidade em cuidar do bem-estar do outro, é necessário estarmos bem com nós mesmos. Um olhar mais cuidadoso com a saúde, família, finanças, vida social e espiritualidade podem fazer a diferença na saúde mental de todos. Ou seja, quem cuida do seu grupo de trabalho, também precisa estar em equilíbrio com o seu ‘eu’ interior.
As atenções com a saúde dos funcionários precisam ir além do óbvio, até por conta da pandemia e de seus reflexos psicológicos. Nesse cenário, a inteligência emocional segue com força e deve trabalhar temas voltados ao autoconhecimento para que cada um consiga performar melhor dentro de um ambiente corporativo. Outro ponto é um olhar mais aguçado na inteligência espiritual, tornando-a cada vez mais valorizada como um indicador a favor da saúde e da produtividade. Este tema importante está relacionado ao propósito de vida de cada um. Para facilitar este trabalho, é possível alinhar os objetivos entre as partes e mostrar o impacto que isso reflete na vida dos parceiros, clientes e de todos os stakeholders envolvidos.
Qualidade de vida, humanização, experiência do colaborador
Já no âmbito da geração de consciência coletiva como melhoria no desenvolvimento interpessoal, ou seja, no relacionamento entre os colaboradores, é correto afirmar que o maior desafio das empresas e da sociedade está na condução do fator “qualidade de vida” das pessoas. Como, por exemplo, preparar os profissionais para manter a saúde mental, independente da dinâmica da jornada de trabalho.
Dentro de todo esse cenário atual, o que mais tem chamado a atenção é a customização dos benefícios. E como isso funciona na prática? Através da personalização da atenção a cada integrante da equipe. Esse tipo de gestão motiva e engaja, elevando a produtividade. Além da remuneração, os desafios e a qualidade de vida dentro da empresa, e fora dela, são fatores que pesam na vida do indivíduo.
O maior desafio dos Recursos Humanos, nesse aspecto, é sair da média e não padronizar os benefícios. Ter um olhar humanizado para as necessidades de todos deve ser uma missão dos gestores dessa área. Como nos casos em que o indivíduo já possui um plano ou seguro-saúde e acaba optando por um outro tipo de benefício, voltado para um pacote que substitua os valores equivalentes nos vales refeição e alimentação, por exemplo. Essa flexibilidade colabora para a conquista de melhores condições de trabalho.
A experiência do colaborador é outro elemento-chave no desenvolvimento da cultura organizacional das empresas. O mapeamento da jornada de trabalho é uma ferramenta importante para essa experiência pois auxilia na mensuração dos resultados. Um líder que sabe motivar seus funcionários conduz a dinâmica de trabalho com mais engajamento, menos cobrança, mais liberdade de criatividade e menos incertezas. Essa liderança precisa gerar mais autonomia aos seus liderados, com responsabilidade, comprometimento, orientação, inovação, sustentabilidade e, acima de tudo, reconhecimento.
“Lidar com o futuro no trabalho envolve liderança, confiança e engajamento!”