A visão estratégica da indústria dos seguros no Brasil e em Portugal

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Por José Manuel Dias da Fonseca, CEO Global do Grupo MDS e Chairman da Brokerslink 

 

Vivemos um momento de mudanças aceleradas no nosso planeta. A maratona global em busca de cada vez mais recursos naturais, as alterações climáticas, as tensões geopolíticas geradas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, o processo de digitalização da sociedade, os desafios da saúde e os riscos emergentes que todos enfrentamos são alguns dos principais temas que marcam o dia a dia de pessoas, empresas e governos do mundo todo.

 

É este cenário que debatemos, de forma objetiva, em Portugal, na Brokerslink Conference 2022, evento mundial promovido pela homônima Brokerslink. Fundada pelo Grupo MDS, a rede global reúne corretores independentes e consultores especializados de risco em cerca de 126 países. A conferência, que contou com mais de 360 participantes de 71 nações, trouxe à tona um objetivo bem claro: romper barreiras de relacionamento e trocar ideias e visões acerca das particularidades dos negócios relacionadas ao mercado de seguros, resseguros e gestão de risco de cada país, neste momento tão delicado, pontuando as suas necessidades e avanços.

 

Ao avaliar o crescimento das empresas, dos investimentos em tecnologia e até dos cases de sucesso com foco na saúde financeira das corporações, observamos diferenças marcantes na cultura do nosso setor em Portugal e no Brasil. Para chegarmos a essas conclusões, foi fundamental a nossa experiência cotidiana com programas de risk management nas empresas de todos os setores.

 

No Brasil, os canais de distribuição que possuem o maior destaque estão relacionados às consultorias prestadas por um profissional qualificado especializado – o corretor de seguros, que é o grande protagonista na distribuição desse produto no mercado brasileiro. Já em Portugal, por sua vez, além dos corretores, há os agentes de seguros, que são considerados mediadores que atuam junto às seguradoras na apresentação das soluções e na captação de novos clientes.

 

Quando avaliamos a cultura de seguros no Brasil, sabemos que há um longo caminho de crescimento a ser percorrido. A participação do setor sobre o PIB brasileiro, em 2021, que atingiu a marca de R$ 8,7 trilhões, foi de 6,7% (quase R$ 583 bilhões), conforme informações divulgadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), por meio do Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros (IISR). Por outro lado, o negócio de seguros em Portugal, também em 2021, segundo a Associação Portuguesa de Seguradores (APS), atingiu 13,1 mil milhões de euros em prêmios emitidos no seguro de vida e capitalização. Na comparação com o PIB português do ano passado, o mercado de seguros respondeu por 5%.

 

Uma tendência importante, que está presente nos dois países, é o investimento em ferramentas facilitadoras. Temos a certeza de que a distribuição de seguros e a gestão do atendimento nos canais digitais trazem vantagens essenciais para as seguradoras, retorno imediato aos clientes e profissionais do setor e aumento de produtividade para os negócios, entretanto, modelos online no qual há a substituição do olho no olho pelo olho na tela nem sempre captam o nível de individualização, ou mesmo a sensibilidade e tato de que os clientes necessitam no momento de calcular seus riscos e optar por uma salvaguarda. Fatores como esses somados à altíssima capacidade técnica desta classe profissional explicam por que a força de vendas físicas e os corretores e agentes de seguros ainda são responsáveis pela maior parte da distribuição dos produtos e serviços das seguradoras em todo o planeta.

 

Nos dias de hoje, entretanto, não é mais possível – em nem mesmo recomendável – optar por apenas um formato de negócios no universo da colocação de risco e mediação de seguros. A evolução social e as mudanças nas tendências e comportamentos de consumo apontam para um lugar comum no qual os consumidores demandam por soluções que equilibrem o imediatismo do digital e experiência técnica dos profissionais do segmento. Nesse sentido, as brokers e parceiros do setor precisam estar atentos às tecnologias, que são indispensáveis no gerenciamento de riscos e previsões e podem auxiliar os planos de gestão global, e necessitam também reforçar a visão técnica dos profissionais para que estes estejam aptos a compreender as lacunas existentes na geopolítica, na economia e na previsão de catástrofes naturais a fim de oferecer soluções e coberturas precisas a cada país e cada sociedade.

 

Em suma, apesar das fortes diferenças culturais entre Brasil e Portugal, é válido afirmar que esses dois países, na América do Sul e na Europa, respectivamente, apresentam perspectivas de forte expansão nos próximos anos, atraindo, cada vez mais investimentos de outros países. E para que as brokers alcancem sucesso e estabilidades nessas (e quaisquer outras) terras, é indispensável manter a equiparação saudável entre o digital e o interpessoal, a adaptabilidade e as possibilidades de personalização de soluções que lhes são oferecidas.

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