Seguros de vida, que já cresceram 15% em 2021, ainda têm mais potencial de crescimento

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O setor de previdência complementar do país deve dar mais um salto de crescimento com os fundos de aposentadoria para servidores de estados e municípios que possuem regimes próprios de previdência, ou seja, não contratam pela CLT. O prazo para criação desses fundos vai até 13 de novembro deste ano e apenas 24 dos 369 entes federativos sujeitos à obrigação já implementaram fundos.

Os números foram apresentados pelo subsecretário da Previdência Complementar do Ministério do Trabalho e Previdência, Paulo Valle, durante a Conseguro 2021, o evento bianual da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) para o setor. A previdência complementar para servidores está prevista na Emenda Constitucional 103 (reforma da previdência de 2019) e atingiria potencialmente 2155 entes da federação, entre estados e municípios.

“Desse total, 369 possuem mais de 100 servidores com salário superior ao teto do INSS (que precisaram da aposentaria complementar). Isso indica cerca 1,2 milhão de pessoas que entrariam no regime de previdência complementar e uma arrecadação adicional de 13,7 bilhões por ano”, diz Valle.

Além desse contingente, ele também cita as mudanças na demografia, como o aumento da expectativa de vida e redução das taxas de natalidade e as transformações no mercado de trabalho, com crescimento do número de profissionais autônomos, como fatores a impulsionar a expansão do mercado, que hoje já equivale a 30% do PIB do país. “Nossa visão é crescimento. Hoje são quase 17 milhões de pessoas no regime de previdência complementar. Mas temos potencial para chegar a 25 a 30 milhões de pessoas até 2035.  É fato que previdência social vai ter seu limite e vai passar por novas reformas nos próximos anos “, afirma o subsecretário.

Para Jorge Nasser, presidente da FenaPrevi e diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência e da Bradesco Capitalização, a expansão do mercado mostra uma mudança no comportamento do consumidor brasileiro. Os números, afirmou, “apontam para resiliência do mercado e, também, revelam que está em curso uma mudança do comportamento do brasileiro em relação à sua visão sobre a necessidade de planejamento para o futuro e a proteção da família”.

Moderador do painel, Nasser faz um breve balanço do setor nos últimos anos, quando viveu grandes transformações, aceleradas ainda mais pela pandemia, responsável pela aceleração das transações e atendimentos em meio digitais e digitalização de processos, entre outras consequências. Nasser informou que, entre abril de 2020 e agosto de 2021, o setor pagou mais 4,6 bilhões de reais em sinistros decorrentes de Covid. “A pandemia revelou para a sociedade a importância do segmento de previdência complementar na rede de proteção social do país e para a economia “, complementou.

Sobre a questão do planejamento de longo prazo, o subsecretário Paulo Valle destaca que é preciso aumentar a conscientização das pessoas para necessidade de fazer seu próprio planejamento financeiro e recorrer à previdência complementar para manter o poder de compra que tinham antes da aposentadoria. E enfatiza a importância da educação financeira neste cenário em que cada um terá que se responsabilizar individualmente pela sua aposentadoria. “A aposentadoria complementar terá que ser adotada desde o primeiro emprego “, diz.

Seguros de vida

A educação financeira e planejamento pessoal também estão no radar dos seguros de vida, segmento que registrou crescimento de 15% em 2021, em relação a 2020, mas que ainda tem um grande potencial de expansão.

Isso porque, somando-se as apólices corporativas, contratadas pelas empresas para seus funcionários, e as adquiridas individualmente, apenas 15% da população brasileira conta com o serviço. É uma taxa considerada muito tímida, principalmente quando comparadas a países semelhantes.

“Quando falamos em 15% de cobertura é ainda um número muito baixo. Daí a importância de compartilharmos conhecimento para que todos juntos consigamos avançar com a indústria de seguros no país” diz David Legher, diretor Estatutário da FenaPrevi e presidente da Prudential do Brasil.

Segundo Legher, a pandemia da Covid-19 mostrou para a sociedade a importância do segmento de seguros de vida como forma de proteção social, conscientizou as pessoas da importância do seguro e, também, fez as seguradoras darem mais atenção ao produto. Tanto que as vendas de seguros de vida individuais, diz, aumentaram cerca de 25%. “Já não estamos falando mais de um seguro tradicional de morte, mas de um produto que atende várias necessidades, seja um afastamento por doença ou invalidez. O que temos visto é que a chegada de um produto novo não canibaliza o produto anterior, mas complementa e atende às necessidades dos clientes”.

Legher citou dados de uma pesquisa que mostra os próprios consumidores começando a ver o seguro de vida como um instrumento de proteção financeira que pode proteger a educação dos filhos, garantir renda em caso de um acidente pessoal, uma doença ou até gravidez. O mesmo levantamento indicou que a principal causa para as pessoas não comprarem o seguro de vida é nunca terem recebido uma oferta para adquirir o produto. “Quando o produto é oferecido, a taxa de conversão é de 60%, taxa bastante alta.  As pessoas querem o serviço, mas nunca foi oferecido a elas”.

Por isso, diz ele, a chave para aumentar a presença do seguro de vida entre as famílias brasileiras é disseminar informações sobre o produto, sobretudo por meio de educação financeira. Mas as companhias seguradoras também têm seu dever de casa. “É preciso um compromisso das empresas de ter um portfólio que cubra as necessidades do cliente. Vendendo o produto certo para o momento certo do cliente, produtos diferenciados, que acompanhem a realidade do país”.

Grandes números do setor de previdência no Brasil

  • Previdência Social
  • BPC – Benefício de Prestação Continuada – (idosos de baixa renda)
  • Total de beneficiários: 4,8 milhões
  • Benefício médio: R$ 1.100 (salário-mínimo)

Regime Geral de Previdência Social (trabalhadores de empresas privada)

  • Total de segurados: 52,3 milhões, sendo 31,2 milhões aposentados e pensionistas
  • Benefício médio: R$ 2.157
  • Regime próprio dos servidores públicos
  • Total de beneficiários: 6,2 milhões, sendo 4,6 milhões de aposentados e pensionistas
  • Benefício médio: R$ 3.132
  • Regime de previdência complementar (fundos de pensão e previdência privada)
  • Total de beneficiários: 16,7 milhões, sendo 933 mil aposentados
  • Valor médio do benefício: R$ 6.675

 Fonte: Secretaria de Previdência Complementar

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