Em palestra no Insurance Day, o diretor da Sistran, Fabio Polonio, abordou como a análise de dados em tempo real tende a mudar o comportamento do segurado e permite a criação de novos produtos
A Inteligência Artificial e a crescente adoção da tecnologia estão transformando toda a cadeia do mercado de seguros, cujas companhias podem oferecer produtos mais personalizados e que beneficiam os segurados de melhor risco. Fabio Polonio, diretor da Sistran Informática especialista em Inteligência Artificial e transformação digital para empresas, levantou o tema em palestra no evento Insurance Day, realizado na última quinta-feira (08 de agosto), pela StartSe.
Em sua apresentação, ele comentou que o novo momento começa a partir do monitoramento do cliente de seguros pelo smartphone e outros dispositivos conectados com IoT (Internet das Coisas). Por meio de algoritmos de Inteligência Artificial, seguradoras analisam os dados do consumidor para oferecer produtos personalizados e em tempo real. Dependendo do comportamento do segurado pode variar também a precificação, o que o incentiva a ser cada vez mais precavido.
“Seguros serão baseados no comportamento do consumo a partir do monitoramento das jornadas e análise dos dados”, diz o diretor da Sistran. Para exemplificar este novo modelo de seguros, Fabio Polonio divide o cotidiano das pessoas em jornadas. Entre elas, por exemplo, há a jornada do transporte. “Imagine que uma pessoa, que tem um seguro digital instalado no smartphone, resolve usar um patinete elétrico de uma startup de micromobilidade compartilhada para ir ao trabalho. Sabendo, a partir da análise de dados, que o caminho é longo e acidentado, a seguradora oferece, em tempo real e de forma automática, um produto específico para esta viagem, cujo valor foi calculado diante dos riscos do trajeto. Na hora, o cliente decide fazer esta apólice ou não. Depois de sair do trabalho, ele resolve alugar um carro e ir direto para sua casa na praia. Como o seguro já sabe, pela Inteligência Artificial aplicada a dados, que ele é bastante prudente ao volante, é oferecido um produto de valor baixo para a cobertura desta viagem. Novamente, cabe ao consumidor a decisão de aceitar a sugestão”.
Este modelo estimula que as pessoas dirijam de forma mais cuidadosa, por exemplo, para que ela receba produtos mais baratos das seguradoras. “Isso é apenas uma das minhas jornadas do dia. Eu posso mudar de uma jornada para outra e a tecnologia vai registrando todos os meus dados até o momento que eu precisar de um seguro”, explica Fabio Polonio.
Outro caso seria na jornada da alimentação. “Um seguro de saúde com Inteligência Artificial certamente é mais caro para alguém que se alimenta somente com fast food, enquanto uma pessoa que tem um equilíbrio nas refeições receberia produtos mais vantajosos”, aponta.
Da mesma forma que a transformação chega ao comportamento do cliente, os profissionais da área também precisam se atualizar. Segundo o especialista, quem está dentro das seguradoras precisa aprender a tomar decisões baseadas em dados e em resultados. “O principal aspecto da mudança não é a tecnologia, é a cultura das empresas”.
Ele explica como fazer a mudança de mindset para o novo e colaborativo mundo. “Esqueça a expressão ‘cada um no seu quadrado’, o trabalho é interdisciplinar. O processo decisório deve ser baseado em dados, não em líderes. Da aversão ao risco à organização ágil, experimentadora e adaptável”, e finaliza com dicas para o sucesso no novo modelo. “Esteja a par das tendências e tecnologias de Inteligência Artificial; Desenvolva e inicie a implementação de um plano estratégico coerente; Crie e execute uma estratégia de dados completa (e a governança!); Desenvolva os talentos adequados e a infraestrutura de tecnologia; Invista muito em educação e capacitação; Associe-se, incube, estabeleça parcerias, patrocine as insurtechs”.