Eduardo Giannetti traça cenários do Brasil em 2022 que envolvem a política e a economia durante evento no Rio de Janeiro

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O que esperar das transformações do país ainda sob o efeito da pandemia? Esse foi o foco central do tema abordado pelo economista, docente e membro da Academia Brasileira de Letras, Eduardo Giannetti, durante o Congresso Potencialize, promovido pela MAG Seguros. Segundo ele, o ano de 2022 será de grandes oscilações devido à instabilidade financeira e ano eleitoral.
Para o economista, o mundo pós-pandemia traz três grandes certezas: primeiro, que o mundo está fortemente endividado em todos os setores: público, com sua dívida aumentada para tentar alavancar o consumo das famílias por meio de programas de transferência de renda, e as pessoas físicas e jurídicas, que vem sofrendo com um baixo poder de aquisição, alto desemprego e uma inflação cada vez mais alta.
A segunda certeza é que o mundo será menos globalizado. A pandemia mostrou que economias interdependentes, com poucos produtores globais fornecendo para muitos países acaba por tornar o mundo vulnerável a crises.
A concentração de grandes fornecedores para vários locais prejudica numerosas cadeias de distribuição simultaneamente em casos de imprevistos, com um impacto vultuoso. Nas estimativas de Gianetti, para cada 180 produtos-chave da cadeia produtiva, há apenas um ou dois fornecedores, o que seria muito pouco. Ele acredita que os produtores locais devam florescer nos anos que se seguem.
A terceira certeza é que vamos para um mundo mais digital, em todos os setores. O caminho já está iniciado, mas o processo está se acelerando constantemente. “Todos passamos por um curso intensivo de aprendizado no uso das novas ferramentas, aberto pela digitalização. Este processo ainda não terminou. Vamos achar novas formas de trabalhar e de utilizar o espaço público”, informou Giannetti.
Já entre as incertezas citadas pelo economista está em como os países vão se recuperar do período pós-Covid, uma vez que a pandemia e seus impactos sociais carregam um alto poder de transformação, principalmente para os países mais convalescidos. Esses tipos de crises costumam facilitar a transição de situações através de resoluções mais radicais, o que nunca é um bom caminho. Ainda assim, novas estratégias e mudanças comportamentais importantes podem ser advindas desse processo.
Além disso, Giannetti também citou duas tendências humanas conflitantes que podem vir desse cenário: uma delas é um aumento na prudência entre as pessoas, comportamento que pode interferir no comprometimento de qualquer tarefa ou política pública.
A outra tendência é que o ser humano, por impulso natural, precise de algum “extravasamento” quando as coisas voltarem à “normalidade” após prolongados períodos de crise. Esse comportamento pode gerar a outra ponta do espectro, e fazer com que as pessoas se agarrem em oportunidades que não sabem se terão pela frente, aumentando o risco em situações desnecessárias, inclusive com impactos econômicos.
No Brasil, Giannetti destacou outros dois pontos de atenção para o ano que vem: estamos com uma economia com inflação alta, acima de 10%, e, ao mesmo tempo, uma economia estagnada, que é o que os economistas chamam de “estagflação”, acompanhado de desemprego em massa.
Para ele, outro ponto preocupante é a perda de quase 30% do valor do Real, causado pela valorização das commodities acompanhado de uma forte desvalorização da moeda nacional. Ambos os processos criam um contexto de alta instabilidade no país, o que, em um processo cíclico, pode atrasar ainda mais a nossa recuperação financeira.

 

 

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