Agenda ESG: “Temas ganham uma importância maior tanto no Brasil quanto no exterior, mas sempre estiveram presentes no nosso dia a dia”, afirma presidente da associação
São Paulo, 29 de julho de 2021 – As questões relativas a diversidade e inclusão estão cada vez mais ganhando relevância nas empresas como parte da agenda ESG dentro dos princípios sociais e de governança. Na prática, as iniciativas nessa direção incluem a revisão de políticas, estratégias e indicadores para formar equipes mais diversas, ambientes de trabalho mais seguros e inclusivos, equidade de gênero e salário.
O tema foi discutido na live “Diversidade & Inclusão: sinônimo de negócios sustentáveis”, realizado na quarta-feira (28/07) pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI).
O presidente da ACREFI, Luís Eduardo da Costa Carvalho, destacou a importância da participação da associação no movimento pela diversidade e inclusão. “Isso faz parte do meu DNA, do DNA da Lecca, que é a empresa que eu fundei e presido há mais de 46 anos. Essas temáticas ganham uma importância maior tanto no Brasil quanto no exterior, mas sempre estiveram presentes no nosso dia a dia”, comentou.
A consultora jurídica da ACREFI, Cintia Falcão, que mediou o debate, também ressaltou que a diversidade e inclusão estão totalmente aderentes à agenda ESG. “Segundo as estimativas do IBGE de 2020, a população brasileira, que hoje é de uma pouco mais de 200 milhões de pessoas, é composta por uma equivalência entre homens e mulheres, 56% de pessoas negras, 17% de pessoas LGBTQIA+, 25% de pessoas acima de 50 anos, entre muitas outras diferenças ou semelhanças. E a diversidade vai muito além das campanhas publicitárias que a gente tem visto por aí e manifestos inspiradores. É preciso agir”, afirmou.
Jose Vicente, fundador e reitor da Universidade Zumbi Dos Palmares, falou sobre a realidade e os desafios de inclusão de negros no mercado de trabalho. Na sua avaliação, ao longo dos últimos 20 anos, houve progressos e realizações muito importantes, com o estabelecimento de cotas em universidades e no poder público. Nesse período, por exemplo, a participação de negro em instituições públicas de ensino superior passou de 2% para 16%. “Saímos do zero, caminhamos 20 anos e do ponto de vista da estrutura estatal, cumprimos todas as etapas, foram criadas todas as ações e os resultados já são bastante significativos”, disse.
Segundo Vicente, do ponto de vista empresarial, a discussão saiu de um primeiro momento de negação do racismo no ambiente corporativo, seguido de medidas paliativas, como estágios para negros, para a presença de negros nos cargos de direção e sobretudo nos conselhos das empresas. “Esse é o panorama que encontramos atualmente e que vem reforçado por conta do ESG, que no Brasil, precisa ter o recorte racial para se cumprir os fundamentos. Acreditamos que os próximos anos serão de grandes construções e realizações de inclusão, da retenção e do desenvolvimento de carreira dos jovens e profissionais negros nos ambientes corporativos do nosso país”, completou.
O debate também contou com a participação de Ana Paula Antunes Tarcia, diretora de Pessoas e Cultura do Banco BV, reconhecido pela Great Place To Work como uma das melhores empresas para se trabalhar. “Várias pessoas fizeram essa transformação cultural. O tema de diversidade e inclusão estratégico é relevante para todos os desafios que temos aqui no banco. Trabalhar a pluralidade é ter a representatividade da nossa sociedade dentro do BV, uma premissa dentro do nosso princípio de cultura, que é ser correto e ser íntegro. E isso faz toda a diferença tanto na atratividade, na retenção e nos negócios”, contou.
Carolina Cavenaghi, Co-fundadora & CEO da Fin4she, falou sobre seu trabalho na plataforma, que promove a equidade de gênero no ecossistema financeiro. “Temos que tirar esse viés que se trata de uma causa e olhar como uma questão econômica. Quando falamos em mulheres nas empresas, não estamos falando que elas são melhores que os homens, ou eles são melhores. O que defendemos é a capacidade de produzirmos melhor pela diversidade, é a capacidade de inovação. Juntos, somos melhores. Quando pensamos em números, no ambiente de negócios, estudos mostram que é de 93% a probabilidade das empresas que têm diversidade de gênero superarem a performance financeira dos seus concorrentes”, afirmou.