A indústria de seguros, um pilar de estabilidade por séculos, encontra-se hoje na linha de frente da disrupção. Essa foi a mensagem contundente de David Roberts, fundador da Global Inspiration Goals, na abertura da Conseguro 2025, evento realizado em São Paulo pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Roberts usou uma metáfora poderosa para ilustrar a urgência da situação: a chegada do carro a combustão e o consequente desaparecimento dos cavalos das ruas. “A mudança está chegando e chegando rápido”, alertou ele, enfatizando que as inovações disruptivas não pedem licença, elas transformam tudo.
Roberts afirmou: “A estabilidade das empresas é uma ilusão”. Os números corroboram essa afirmação. Atualmente, 89,6% das companhias que figuravam na lista da Fortune 500 em 1955 já não existem mais. A projeção é que metade das empresas do S&P 500 desapareça nos próximos dez anos. Se em 1920 a vida útil média de uma empresa era de 67 anos, hoje ela não passa de 15. A ameaça, contudo, não se restringe a empresas individuais; ela atinge indústrias inteiras. E, segundo o especialista, poucas estão tão vulneráveis quanto a de seguros. Apresentando um gráfico que cruzava viabilidade, durabilidade, volatilidade e vulnerabilidade, o executivo foi categórico: “Estamos no pior dos quadrantes — o da volatilidade com a vulnerabilidade”. Ele complementou a visão alarmante: “Estamos na indústria mais vulnerável, no país mais vulnerável do mundo”.
A Aceleração Exponencial da Tecnologia
A dramaticidade da situação se intensifica ao considerarmos o ritmo das transformações. A curva de desenvolvimento tecnológico já não é linear, mas sim exponencial, o que significa que as mudanças estão acelerando a uma velocidade que a mente humana mal consegue processar.
Roberts trouxe exemplos que pareciam ter saído de roteiros de ficção científica, mas que já são uma realidade em desenvolvimento avançado: robôs humanoides capazes de substituir atividades de risco e operar incessantemente; vacinas contra o câncer de pulmão em fase de testes em sete países; e a edição de DNA com a mesma facilidade com que hoje se edita um texto no Word.
A inteligência artificial também avança a passos largos. O ChatGPT-4.5, segundo Roberts, já supera o desempenho de doutores em certas tarefas. Em um futuro próximo, as IAs serão capazes de fazer descobertas científicas de forma autônoma. E se hoje a ciência já consegue aumentar a longevidade, o amanhã promete a possibilidade de interromper o envelhecimento, com experimentos bem-sucedidos já realizados em ratos.
