Os investidores estrangeiros colocaram R$ 17,7 bilhões na B3 em dezembro. Foi o segundo melhor mês do ano, atrás somente de novembro, com a entrada de R$ 33,3 bilhões.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, um dos maiores escritórios de renda variável da XP Investimentos, o movimento de entrada de recursos de fora nos últimos meses foi consequência dos anúncios positivos recentes de diversas vacinas com potencial de eficiência acima de 90%.
“Com mais apetite a risco lá fora, um fluxo natural acaba respingando para mercados emergentes. O Brasil foi um destino potencial também por ter sido o país com a maior desvalorização da moeda dentre economias relevantes. E isso acaba nos tornando ‘baratos'”, explica.
O otimismo, porém, para ser contínuo depende de o governo brasileiro cuidar das contas públicas, além de fazer reformas. “No curto prazo, o país precisa mostrar mão firme no controle do teto de gastos, além de prosseguir com a agenda de reformas. A paciência do mercado tem prazo de validade. Pandemia é como uma guerra. E ainda nem saímos dela. Precisamos apagar o fogo contendo gastos e prosseguindo com reformas antes de falarmos em agenda positiva”, diz Beck.
Para o especialista, o investimento de fora no Brasil de forma sustentável depende também de perspectivas mais otimistas de crescimento do PIB. “O governo tem um papel importante nesse processo ao criar uma agenda que destrave os gargalos do nosso crescimento com mão de obra qualificada, logística, energia, saneamento, etc”, finaliza.