or Fernando Taliberti, fundador da Onyo, empresa de operações digitais de food service, e mestre em negócios online e tecnologias de informação e comunicação pela Politecnico di Torino, Itália
Organizações são como seres vivos. Ambos desafiam as leis da termodinâmica e tentam reter a energia, cuja tendência natural da entropia é fazer com que se dissipe. Esse é um dos pilares da “Física Organizacional”, uma teoria proposta pelo livro de mesmo nome: Organizational Physics | The Science of Growing a Business (English Edition). Segundo o autor, Lex Sisney, há um paralelo entre as leis da física e o mundo das organizações, sendo estas, comparadas aos seres vivos: adaptativos, complexos, mas com energia finita, que tende a ser perdida.
As empresas precisam lutar contra esta tendência. Como? Se estruturando para não só evitar perda de energia, mas para ter condições de capta-la facilmente. Por exemplo: imagine um navio como uma organização, tendo o capitão como o líder. As velas capturam energia do ambiente para que o navio se mova, e o capitão deve integrar seus recursos e processos para evitar que a energia se perca com a deterioração do navio, dos motins e de outros eventos que podem prejudicar o seu avanço. Se a captura de energia for inferior à perda, a organização corre sério risco.
Depois de ler esta comparação, fica mais fácil enxergar exemplos de empresas com perda de energia, processos mal integrados e improdutivos, politicagem e uma estrutura organizacional ineficiente. Também fica claro como algumas organizações se estruturaram para captar energia do ambiente de maneira eficiente, com negócios de altas margens e escalabilidade (como Google) ou processos de aquisição de usuários exponenciais (como WhatsApp).
O autor apresenta ainda um framework de classificação de perfis pessoais, muito parecido com outras técnicas behavioristas, que ele intitula como as quatro forças da física organizacional: producer (força de execução), stabilizer (força de organização), inovator (força de criação) e unifier (força de unificação/alinhamento). A combinação destes perfis é necessária para o sucesso da organização, mas uma combinação um pouco diferente é ideal para cada estágio de vida da mesma. Por exemplo, no início da vida, quando está se criando um modelo de negócio, a força da inovação é crucial. Mais adiante, quando um playbook já está estabelecido e deve ser bem executado, producer é o perfil mais importante na liderança.
Este é um daqueles livros que muda a forma como você encara seu dia a dia, de uma forma prática e efetiva. Enxergar as perdas de energia que acontecem em volta e as dificuldades de capturar energia do ambiente não era tão fácil sem um framework como este. E saber como usar as forças disponíveis (ou buscar outros tipos fora) da organização pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.