O setor da construção civil – que envolve a edificação, serviços especializados para a construção e obras de infraestrutura – encerrou 2024 com crescimento de 4,3%, atingindo R$ 359.523 bilhões. Porém, para este ano, a alta dos juros deve causar uma desaceleração nos negócios.
Segundo um estudo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor deverá apresentar uma expansão de apenas de 2,3%, motivada principalmente por taxas de juros. Apesar do setor ainda enfrentar outros desafios, como o aumento nos custos com mão de obra e materiais, as taxas elevadas impactam os investimentos e o acesso ao crédito.
Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada em 07 de maio, a taxa Selic ficou em 14,75% ao ano, o mais alto desde 2006, quando também estava nesse mesmo patamar. Para alguns especialistas, o encarecimento do crédito torna o financiamento de obras – seja habitacional, comercial ou de infraestrutura – mais caro.
“Certamente esse cenário traz consequências, como a redução no ritmo de novos projetos”, aponta Alex Nascimento, diretor da XS Global, MGA (Managing General Agent) focado em provar capacidade de resseguro para diversas linhas de negócios ao redor do mundo. “Em ambientes de juros altos, algumas empresas optam por reformar ou adaptar espaços existentes em vez de construir novos”, completou.
De acordo com ele, programas habitacionais e de investimentos em infraestrutura pública tendem a compensar parcialmente esse efeito, porque como são financiados ou incentivados pelo governo, têm menos sensibilidade aos impostos de juros de mercado. “Esse cenário impacta diretamente o setor de seguros e resseguros, porque com menor volume de obras, há menos demanda por seguros de P&C (Property & Casualty) e todas as suas vertentes, e consequentemente, menor volume de resseguros contratados para esse perfil de cliente ou para a complexidade da obra”.
Entre todos os segmentos que envolvem o setor da construção civil, o executivo avalia que o de infraestrutura é o mais relevante. “Apesar da retomada do ‘Minha Casa, Minha Vida’, são os projetos robustos que vão contribuir para a economia de modo geral, exigindo grandes capacidades e soluções taylor feitas por parte do mercado de seguros e resseguros”, disse Alex.
Segundo ele, um bom exemplo do Marco Legal do Saneamento, sancionado em 15 de julho de 2020, que impulsionou significativamente o setor gerando uma forte demanda por obras de ampliação e melhorias na infraestrutura de saneamento básico em todo o país. “Esse movimento abriu novas frentes de atuação para o mercado segurador e ressegurador, especialmente no suporte a grandes projetos de infraestrutura. Seria importante contarmos com outras iniciativas desse porte para mantermos o crescimento”, concluiu.