Títulos têm baixa volatilidade e prazos mais curtos, que favorecem o remanejamento das carteiras em cenários incertos como o atual, afirma Ricardo Serone, Diretor da instituição
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros e as incertezas quanto aos próximos encontros da autoridade em relação à Selic fortalecem ainda mais os investimentos indexados ao CDI – Certificado de Depósito Interbancário, diante do bom retorno e da baixa volatilidade de preços desses títulos de curto prazos emitidos pelos bancos, analisa Ricardo Serone, Diretor Financeiro e de Investimentos da BB Previdência, empresa de previdência complementar fechada do conglomerado Banco do Brasil .
Para Serone, mesmo que os economistas estejam diminuindo paulatinamente as expectativas para a inflação, ela ainda é persistente, permanecendo muito acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central (BC), o que torna mais incerto o momento de estabilização da taxa no patamar atual ou de uma curva descendente da Selic. Esse cenário afeta as decisões de investimentos em títulos mais longos e na renda variável, que podem apresentar muita variação de preço e de rentabilidade.
A Selic acumula alta de 4,25 pontos percentuais desde setembro do ano passado e hoje chegou ao maior patamar desde agosto de 2006. “O principal fator que leva o BC a subir a taxa básica de juros é a persistência da inflação, uma vez que não se espera que ela caia em um horizonte de três a seis meses para as margens estipuladas pela autarquia”, explica o Diretor da BB Previdência.
A inflação decorre, em parte, de uma atividade econômica forte e persistente, que o BC precisa controlar e faz isso elevando a Selic, prossegue o executivo. No acumulado de doze meses até março de 2025, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 5,48%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase um ponto percentual superior ao teto da meta, de 4,50%, e distante do centro da meta, previsto em 3% pela autoridade monetária.
O Boletim Focus, entretanto, mostra que o mercado vem diminuindo ligeiramente as expectativas de alta para a inflação neste ano, projetadas em 5,53% no último documento divulgado, ante uma estimativa de 5,65% há quatro semanas. O câmbio e a redução nos preços de algumas commodities são fortemente para essa dinâmica, observa Serone, como resultado da política tarifária do governo de Donald Trump.
“Apesar das incertezas também no mercado externo, em decorrência da elevação das tarifas para o comércio internacional exigido pelos EUA estar ainda em processo de negociação, as projeções de desaceleração do crescimento das economias já prevalecem, especialmente a americana, com riscos de recessão. Assim, o dólar tem se enfraquecido diante do real e de outras moedas, tornando os produtos mais baratos . internacional”, diz Serone.
O último Boletim Focus projeta expansão de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. Em 2024, o crescimento foi de 3,4%. A perspectiva dos economistas para o dólar é de R$ 5,86, ante R$ 5,90 de quatro semanas atrás. Já a previsão para a Selic caiu de 15% ao ano para 14,75%. A BB Previdência estima uma taxa básica de juros na faixa de 14,25% a 15% ao final de 2025, afirma Serone.
Como a Selic pode impactar os planos de previdência
“Com a Selic nesse patamar, os investimentos indexados ao CDI têm sido uma opção atraente, pois a rentabilidade cobre a meta projetada para nossas carteiras. São uma boa alternativa também para serem facilmente remanejados para outras alocações que se mostrarem mais vantajosas”, explica o executivo.
Por outro lado, os títulos públicos acompanham altas taxas, garantindo um retorno mais elevado no longo prazo, embora sofram volatilidade no prazo curto, assim como a renda variável, criando oportunidades para alocações mais estratégicas, ele ressalta.
“A BB Previdência se mantém atenta às oportunidades geradas no cenário macroeconômico para beneficiário dos investimentos sob gestão, mas sempre verificada às suas políticas de investimento e às condições econômicas para mitigar riscos e maximizar retornos para os seus participantes”, enfatizou Serone.