China continua a ser protagonista no comércio com a América Latina

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Apesar dos recentes desafios que tem enfrentado, tanto econômicos quanto políticos, a China se mantém como importante parceiro comercial da América Latina. A constatação é da Coface, líder global em seguro de crédito e pioneira em serviços de informações comerciais, em estudo sobre as relações comerciais entre chineses e latino-americanos.

Segundo Bruno de Moura Fernandes, chefe de Pesquisa Macroeconômica da Coface, o PIB da China subiu em média 5,3% ao ano, superando as previsões, apesar do consumo em queda e da persistente pressão da deflação. Ele lembrou que as exportações voltaram a crescer em abril, “impulsionadas por produtos de transporte, como automóveis e navios, enquanto os bens eletrônicos também permaneceram sólidos. Por destino, os mercados emergentes continuaram a superar o desempenho em relação aos países desenvolvidos, com as exportações para a Ásia aumentando notavelmente, contra quedas contínuas para os Estados Unidos e Europa”.

Bruno Fernandes salientou que a China está mudando seu foco, dando mais ênfase a impulsionar “novas forças produtivas”, voltadas principalmente para a transição energética: “Nas exportações, por exemplo, o crescimento foi principalmente em veículos elétricos”.

O panorama continua favorável para as relações comerciais da China com os países latino-americanos, na avaliação de Patricia Krause, economista da Coface para a América Latina. Ela recorda que as exportações chinesas para o continente reportaram forte crescimento na última década: “Para o Brasil, a representatividade das vendas para China saiu de 20% do total exportado em 2013 para 31% em 2023. Já as importações chinesas, no mesmo período, cresceram de 16% para 23%. A elevação aconteceu também na maioria dos demais países da América Latina.”

Essa relevância deve ser mantida nos próximos anos, na estimativa de Patricia Krause, que lista os principais produtos da AL exportados para os chineses: minerais como cobre e minério de ferro, com 38% do total embarcado para a China; oleaginosas, com 20%; combustíveis minerais, óleos e produtos para sua destilação (11%); carne (8%); químicos inorgânicos (4%); e peixes e moluscos crustáceos (3%). O protagonismo chinês vai continuar, segundo ela, mesmo com os preços das commodities relativamente menos atraentes nesse começo de ano.

Também nas importações de produtos chineses realizadas pela América Latina a China deve se manter como parceira importante, na avaliação de Patricia Krause, que destacou os principais itens dessa pauta: maquinaria elétrica e equipamentos, com 28% do total importado; caldeiras elétricas nucleares e aparelhos mecânicos (peças dos mesmos), com 17%; veículos, autopeças e acessórios (7%); ferro e aço (6%); químicos orgânicos (5%); plásticos e artigos de plástico (4%).

A economista da Coface América Latina citou também o desempenho das importações latino-americanas de aço laminado chinês em porcentagem anual, que em 2023 foi de 44%, com destaque para o Brasil (80%) e México (33%). No segmento automotivo, as importações brasileiras de veículos chineses também dispararam, passando de 4,7 mil unidades de janeiro a abril de 2023 (5% do total de veículos importados) para 34,5 mil no mesmo período de 2024 (27% do total).

Com base em dados como esses, Patricia Krause acredita que a América Latina e China continuarão a ser parceiros de peso, apesar da menor perspectiva de crescimento do PIB da região para este ano (1,8% previsto para 2024 depois de 2,2% em 2023 e 3,8% em 2022). A América Latina tem potencial de se beneficiar da demanda chinesa por cobre e lítio, necessários para a transição energética.

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