Startup cruza dados do IBGE e mapeia incidência de doenças e mortes por idade, sexo, profissão e município
São Paulo, julho de 2021 – As nutricionistas no país, por volta dos 30 anos, têm três vezes mais chance de morrerem de câncer de mama do que as demais mulheres brasileiras da mesma idade. Em contrapartida, a chance de uma nutricionista morrer de diabetes é seis vezes menor do que a média nacional entre mulheres com 30 anos. Já os arquitetos ocupam o primeiro lugar quando se mede a representatividade, dentro de sua profissão, dos suicídios em mortes com causas externas (31%), cuja incidência entre professores, por sua vez, cresceu 96% nos últimos cinco anos.
As informações foram compiladas pela insurtech Azos que, em paralelo com a produção de dados, cria e comercializa produtos de seguro de vida de forma digital e por meio de parcerias com corretores em todo o país. Sediada em Belo Horizonte e inspirada em um modelo de negócio conhecido nos Estados Unidos como Managing General Agent (MGA), a startup lançou uma calculadora que consegue estimar a expectativa de vida dos brasileiros ao cruzar dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como idade, sexo e profissão, com a base histórica de mortes por município da população entre 2014 e 2019.
O conhecimento sobre as causas de doenças e mortes pode servir como referência para políticas públicas e medidas preventivas. No caso das nutricionistas, especula-se que uma dieta exagerada ou focada em alimentos ricos em estrogênio representaria um fator de risco. Como o estrogênio estimula o crescimento das células da mama, essa exposição por longos períodos e sem interrupções pode aumentar a possibilidade de desenvolver um câncer. Muitas das descobertas da Azos já tem sido, inclusive, motivo de análises em determinadas carreiras.
Dentro da arquitetura se discute, por exemplo, as razões para um aumento da insatisfação com a profissão, o que pode justificar o elevado número de suicídios. Os professores, por sua vez, externaram essa frustração em um levantamento do Ibope Inteligência, no qual 33% informaram que estão totalmente insatisfeitos com a atividade docente. Eles consideram urgente, conforme a pesquisa realizada entre março e maio de 2018, a restauração da autoridade e o respeito à figura do professor (64%) e o aumento salarial (62%).
“Para precificar seguro de vida é importante entender as principais causas de morte para cada profissão, idade e lugar no país. Portanto, após analisar mais de 7 milhões de óbitos para nos ajudar em algumas análises, decidimos disponibilizar esses dados de uma forma fácil e gratuita para as pessoas que tiverem interesse”, comenta Bernardo, co-fundador da empresa. A startup utilizou dados do IBGE e da base de dados oficial do governo, dados.gov.br. Para acessar o simulador da empresa, é só clicar link https://www.azos.com.br/vida- segura/causas-de-morte-por- profissao?utm_source=ovo&utm_ medium=artigo&utm_campaign=rp
“Percebemos, por exemplo, um aumento na representatividade das mortes por câncer de mama entre mulheres que vivem em municípios litorâneos ou com um clima quente. Pode ser apenas uma coincidência, mas esses dados podem ajudar profissionais da saúde a entenderem se essas ou outras variáveis possuem relação com o câncer de mama”, comenta William, analista de dados da Azos.
A insurtech foi criada há cerca de um ano, mas começou suas operações em abril. Desde então, já tem R﹩ 600 milhões em coberturas de seguro de vida. Na primeira rodada de investimentos, em abril do ano passado, levantou R﹩ 350 mil e, em outubro, captou mais R﹩ 12,5 milhões. Entre os principais investidores estão os fundos Kaszek, Maya e Propel.