Os desafios das crianças com TEA no retorno às aulas

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Ribeirão Preto, SP 30/4/2021 –

Especialistas explicam como pais e alunos podem se preparar e quais os cuidados essenciais na retomada

Em tempo de isolamento social e ensino remoto, a data de reabertura das escolas com o retorno às aulas presenciais ainda é incerta. Mas a certeza é que, na retomada, será imprescindível respeitar as singularidades e a história dos estudantes, especialmente no ambiente em que estão inseridos os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), indivíduos que foram afetados em suas rotinas tão importantes para o seu desenvolvimento.

A escola, antes um espaço de convivência social foi fechada, as terapias foram suspensas e o convívio com o mundo paralisou. Enquanto pais e professores tentam preencher a lacuna deixada pelo distanciamento social obrigatório, os alunos com autismo tentam se adaptar ao novo modelo de ensino online.

Essa nova realidade é desgastante para todos, inclusive para os alunos que têm alguma limitação. Alguns deles ganharam autonomia e se tornaram mais organizados nesse sistema novo de ensino. Por outro lado, tantas horas na frente do computador ou celular exigem mais disciplina e concentração e nem todos conseguem essas características. A Profa. Dra. Giovana Escobal, diretora do Instituto ABAcare, explica: “A escola era o ambiente de interação com os colegas, professores e o momento de receber atenção num contexto escolar. Em muitos casos a carência desse ambiente trouxe comportamentos de estresse, de rebeldia, agressão, tristeza e angústia”.

O papel dos professores no acolhimento dos alunos

Um dos fatores mais preocupantes, neste momento, é que muitos alunos perderam entes queridos e pode ter sido a primeira experiência com o cenário da morte. Deve-se ter sensibilidade no retorno, o qual não deve ser abrupto e nem se exigir além do que cada indivíduo pode oferecer. “Assim, é importante pensar em ações que reduzam os sintomas depressivos e a falta de esperança instalada nas crianças”.

Para Giovana é importante que os professores abram o diálogo com os alunos sobre suas emoções, suas rotinas e como estão as relações em casa. “Nesse sentido é importante que a escola capacite educadores, pais ou responsáveis. Afinal, são eles os mais envolvidos na aprendizagem das crianças e jovens com deficiência durante o período de ensino remoto emergencial. Outros profissionais também podem estar presentes no acompanhamento da criança. Todos devem trabalhar juntos para encontrar mecanismos e formas para auxiliar o aluno”.

Segundo a psicóloga Dafne Fidelis, os alunos com TEA, independentemente da pandemia, necessitam de flexibilizações ou, até mesmo, de um Plano de Ensino Individualizado que levem em conta as suas especificidades, dentre elas, as comportamentais, clínicas, sociais, adaptativas e de linguagem. Sendo assim, é necessário elencar as potencialidades e as necessidades reais do aluno autista.

Além disso, a psicóloga explica que o retorno das aulas será uma nova adaptação. “Os alunos com TEA, em sua maioria, não conseguem utilizar a máscara, têm dificuldades para se adaptar às novas exigências do ambiente que, por vezes, pode ocasionar frustração, ansiedade, irritabilidade e agressividade. Será necessário aplicar protocolos de dessensibilização para que as crianças consigam permanecer mais tempo com a máscara. Mesmo com a volta às aulas, muitos lugares como os parques, estarão fechados, por isso é importante ter um profissional capacitado para fazer o manejo de comportamento e também para ir trabalhando novos repertórios com a criança para lhe dar acesso a outros tipos de reforçadores neste momento que ela não pode ter aquilo que gostava antes”.

Para que as crianças aprendam a evitar abraços e beijos, uma série de protocolos deverão ser implantados. “Será necessário ensinar as crianças a interagir e receber carinho e atenção de uma forma mais segura para que elas não se coloquem em risco”, afirma Dafne.

A mudança na rotina dos pais

Em meio a tantas mudanças, houve também a alteração na rotina dos pais. A Profa. Dra. Giovana Escobal esclarece que existem algumas estratégias comportamentais para que os adultos fiquem mais saudáveis. “Temos que ser mais tolerantes e isso pode ser treinado. Podemos procurar apoio nas outras pessoas, valorizar coisas essenciais da vida que muitas vezes não observamos ou valorizamos, como os elementos da natureza, o pôr no sol, o nascer do sol; buscar itens reforçadores entre outras coisas que trazem sentimentos de paz e alegria”.

“Para eliminar o estresse as famílias podem cozinhar, fazer algo em conjunto, escolher um filme bem legal para todo mundo interagir, cuidar das plantas, montar brinquedos, criar brincadeiras novas, sentar em um momento para conversar sobre o dia ou sobre um assunto diferente, contar histórias e discutir sobre elas até a sua compreensão. Vale destacar que pode-se usar brincadeiras que envolvam um modelo motor para a criança imitar, pois fornecem uma oportunidade de aprendizagem ou generalização de habilidade aprendida. Jogo de quebra-cabeça, Lince, jogo da memória, lego, atividades com pintura e atividade física, também são indicados”, finaliza Giovana.

Instituto referência em terapia ABA

Ribeirão Preto possui um instituto referência em terapia ABA para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o ABAcare. A organização oferece apoio para pacientes com atrasos no desenvolvimento intelectual, de linguagem, e também capacitação e consultoria para as pessoas envolvidas com esse público.

Com localização privilegiada o Instituto está instalado na Av. Carlos Consoni, 791, no bairro Jardim Canadá em Ribeirão Preto.

Mais informações sobre acompanhamentos, cursos e consultorias podem ser encontradas no Facebook e Instagram @institutoabacare.

Website: http://www.abacare.com.br/

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