Arie Halpern: como as novas vacinas ButanVac e Versamune combatem a covid-19?

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30/3/2021 – Há cerca de uma centena de vacinas, em diferentes estágios, sendo desenvolvidas no mundo.

ButanVac, Versamune e as outras vacinas: as diferentes tecnologias para combater a covid-19.

O anúncio de duas novas vacinas contra a covid-19, e, além disso, desenvolvidas e fabricadas no Brasil, por meio de parcerias com outras instituições, causou comoção no país, que já registra 300 mil mortes em decorrência da doença. E as pessoas, que já estavam familiarizadas com as técnicas que usam vírus inativado, vetor viral e RNA mensageiro, se depararam com um novo elemento: a vacina produzida em ovos.

Não que seja uma técnica inédita na produção de vacinas, mas é a primeira vacina contra covid-19 a usar essa técnica. A vantagem sobre as outras seis vacinas já disponíveis é o custo. Usada para vacinas contra a gripe, a técnica tem custo menor e, como já é amplamente usada, mais segura.

A ButanVac, como foi batizada, é feita com as tecnologias de vírus inativado e vetor viral. Nesse tipo de vacina, o vírus é colocado inteiro dentro dela, mas não é capaz de causar a doença. Ela vai usar como vetor outro vírus, o da doença de Newcastle, que é modificado geneticamente para carregar um pedaço do coronavírus. Esse pedaço contém o código genético, a receita para a produção da proteína S, a que o vírus usa para infectar as células do organismo.

O vírus modificado é colocado em ovos de galinha para se replicar, produzindo cópias que serão depois retiradas, fragmentadas e inativadas. A proteína S é o que será usado no ingrediente farmacêutico ativo (IFA), outro termo que foi aprendido desde o início da pandemia. Ou seja, a nova vacina é uma espécie de concentrado de proteína. A diferença para as outras vacinas produzidas com essa técnica é que elas não usam o vetor viral, nesse caso, o vírus da doença de Newcastle.

Já a vacina que ganhou o nome de Versamune também usa uma proteína do vírus para desencadear a reação do sistema imunológico. Nela, a proteína é embalada numa nanopartícula, que foi desenvolvida para orientar as células de defesa T a reagir ao vírus. E, ao contrário da ButanVac, ela utiliza um pedaço do vírus manipulado em laboratório e não o vírus inativado.

“Há cerca de uma centena de vacinas, em diferentes estágios, sendo desenvolvidas no mundo. Mesmo que muitas delas não se provem eficazes, essa é uma excelente notícia no desafio de combater o vírus da covid-19, inclusive das novas variantes”, comemora o especialista em tecnologias disruptivas, Arie Halpern.

E qual a diferença para as outras vacinas contra a Covid-19?
A Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac, é feita com o vírus inativado. Cultivado e multiplicado numa cultura de células, o vírus é, então, inativado usando calor ou um produto químico. Quando o organismo recebe a vacina, ele gera os anticorpos necessários para combater a doença.

As vacinas da Pfizer Biotech e da Moderna usam a tecnologia RNA-mensageiro. Os imunizantes são feitos a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética. O RNA mensageiro mimetiza a proteína spike do vírus Sars-CoV-2, que o auxilia a invadir as células humanas. Essa cópia de parte do código genético do vírus funciona como uma receita para que o corpo produza a proteína e ela desencadeia uma reação das células do sistema imunológico, produzindo anticorpos e criando uma defesa no organismo.

Anunciada como novidade, a técnica do RNA mensageiro, na verdade, também já era usada em outras vacinas. A inovação no caso da covid-19 está na espécie de cápsula que envolve a molécula de RNA. O RNA é muito frágil e se degrada rápido. A dificuldade era conseguir partículas mais resistentes para que ele chegasse até a célula. Além disso, a embalagem precisava ser biodegradável para que se desfaça quando entra na célula, para que o RNA entre em ação. Essa evolução foi possível com o avanço da nanotecnologia.

As vacinas da Oxford Astra Zeneca, Janssen (Johnson & Johnson) e a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa, da Rússia, usam a tecnologia de vetor viral não replicante. Usa um vírus vivo, como o que causa resfriado, que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde. Como na ButanVac, ele também é modificado por meio de engenharia genética para carregar as instruções para produzir a proteína do coronavírus.

Website: http://www.ariehalpern.com.br/como-as-novas-vacinas-butanvac-e-versamune-combatem-a-covid-19/

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