No dia 29 de janeiro, a Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) realizou o primeiro ANSP Café do ano, na modalidade presencial, na sede da Datarain Consulting, em São Paulo, para falar sobre o tema “Cyber Segurança: o risco desconhecido”. Devido à grande procura, o evento também foi transmitido pelo canal da entidade no Youtube, o evento teve a participação do Presidente da ANSP, Ac. Rogerio Vergara e do Diretor, Sergio Nobre na abertura, e do Coordenador da Cátedra de Tecnologia e Cyber Risks, Mauricio Bandeira, na contextualização do tema e moderação do painel único.
Também contou com as presenças do Líder de segurança cibernética na empresa DataRain Consulting, Leonardo Baiardi, da Gerente de Linhas Financeiras e Cyber na Zurich Seguros, Hellen Fernandes, e da Diretora de Seguros Cibernéticos e Tecnológicos na Howden Brasil, Marta Helena Schuh, como debatedores.
O objetivo dessa edição do ANSP Café foi trazer a pauta os desafios atuais, como os recentes vazamentos de dados e o que esperar da cibersegurança nos próximos anos, com insights valiosos para fortalecer a segurança digital dentro das organizações. Comparar as diferentes visões de seguradoras, corretoras e segurados, para identificar ações protetivas e de prevenção, a fim de minimizar os danos porventura causados por potenciais ameaças.
O tema em discussão é quente, não apenas para o mercado corporativo, mas de uma forma geral. A questão dos riscos digitais, faz parte da vida de todos e o mercado segurador enxerga o potencial risco e tende a buscar soluções para mitiga-lo, por meio de uma apólice de seguros. “Temos aprendido muito, principalmente com parceiros estratégicos como a DataRain Consulting, porque o conhecimento que esse parceiro estratégico tem do risco, especificamente a respeito de como as empresas podem se proteger, vai além da visão do mercado segurador sobre mitigação de risco. Obviamente, para mitigar um risco por intermédio de uma apólice de seguros é preciso entender quais são os potenciais problemas”, Mauricio Bandeira.
Em sua fala, Leonardo Baiardi discorreu sobre o cenário de cyber, as preocupações atuais e o que se espera para 2025. Segundo ele, em janeiro desse ano a quantidade de ataques de ransonware foi o dobro do mesmo período no ano passado. De 2023 para 2024 também se verifica a mesma proporção. “A gente já começa de um patamar acima da média do que já observamos em relação a ataques que estão públicos. O ponto é que a tecnologia tem avançado muito. Existem grupos e gangs que têm entrado nesse mercado de cibercrime, sem a sofisticação necessária para realizar ataques, e ainda assim têm sido bem-sucedidas, principalmente pelo avanço da Inteligência Artificial, das LLMs – modelos de linguagem que permitem a geração de conteúdo”, explicou.
De acordo com Baiardi, para entender o panorama da cyber segurança é essencial acompanhar as novidades tecnológicas, como por exemplo, o surgimento da Deep Seek, o novo competidor com chat GPT. Pesquisadores estão fazendo testes com ela e ela tem gerado códigos maliciosos que funcionam sem muitas barreiras. O cenário não é positivo, mas a perspectiva do palestrante é a de que sempre há uma forma de se proteger de forma preventiva.
Marta Helena Schuh compartilhou sua visão sobre o cenário atual. Para ela, há um ponto grande de preocupação em relação à cyber segurança. Segundo a executiva, um estudo publicado pela Allianz recentemente, que trata da preocupação de C-levels, mostrou que a principal preocupação do empresariado brasileiro diz respeito a Cyber. “E reforçando o que o Leonardo falou, muitas empresas não vem a público em razão dos incidentes que elas estão sofrendo. A verdade é que os incidentes têm aumentado não só em frequência, mas também em impactos”, disse.
Hoje, uma parcela dos empresários nacionais começa a entender que a tecnologia trouxe a reboque novos riscos. Foi muito bom para a implementação de melhorias operacionais, para ressalvas de custos, mas o fato é que agora ninguém faz nada sem sistema. E quando incidentes acontecem os desdobramentos que eles trazem a uma organização são compatíveis inclusive a um incidente de incêndio. Incidentes cibernéticos causam simultaneamente uma paralização da organização, trazendo prejuízos e consequências que são equiparáveis a incidentes mais tangíveis.
A sociedade deu saltos quânticos com a evolução da tecnologia da usabilidade, com a facilidade que ela trouxe nas nossas vidas e, consequentemente, dentro das operações de nossos negócios. E fica evidente o impacto da cyber segurança. “Existem pesquisas que dizem que o Brasil avançou em maturidade, mas a verdade é que o País avançou no quesito ameaças. Somos o segundo país mais atacados do mundo. O crime organizado está muito bem inserido dentro da situação e as maiores facções têm célula de cyber. Se fosse uma economia, hoje o crime cibernético seria terceiro maior PIB Global, com US$ 8 trilhões em movimentações financeiras anualmente”, pontuou.
Representando as companhias seguradoras, Helen Fernandes compartilhou sua percepção sobre o cenário. Em sua opinião, o risco evoluiu. A executiva alerta sobre a importância de se avaliar o risco sempre que se tomar uma decisão de ir a mercado fazer alguma coisa diferente. “A tecnologia hoje é o core de qualquer negócio, assim como o seguro que vendemos, a corretagem. Sem tecnologia não se faz nada. A gente não embarca uma carga, não emite uma nota, não paga folha de pagamento. A tecnologia é tão importante quanto o core business da empresa”, analisou Helen, acrescentando que o mercado de seguros acompanhou isso e, de forma tão sofisticada quanto a tecnologia os ataques também tem sido aprimorados. Diante disso, o seguro de cyber tem que atuar na preocupação de Gestão de Risco.
De acordo com o recém lançado relatório do World Economic Fórum, os ataques cibernéticos seguem como uma das dez principais preocupações do mundo sobre riscos. E a isso se adiciona a questão da desinformação. Ao longo desses dez anos houve certas dificuldades, desde contar paras pessoas o que o seguro fazia e as pessoas realmente entenderem, correlacionarem com a dependência que temos da tecnologia, com a continuidade de negócio das empresas, até o processo de maturidade para própria contratação do seguro.
“Nós evoluímos. É notável a maturidade das empresas desde 2012, quando o seguro foi primeiro visto aqui no Brasil, até hoje. No ano passado o mercado de seguros emitiu cerca de R$ 200 milhões em prêmio e esse ano a perspectiva é que ele cresça cerca de 13%. As empresas estão olhando mais para esse risco, o que é uma boa notícia”, enfatizou.
Ao final das apresentações iniciais os convidados responderam perguntas e trouxeram à discussão diversos tópicos concernentes ao tema de Cyber Segurança, como a Inteligência Artificial, Deep Seek, crime organizado, seguro cibernético etc. Essa edição do ANSP Café teve o patrocínio da DataRain Consulting e o apoio da Associação Internacional do Direito do Seguro (AIDA Brasil) e da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR).
Assista a live completa no canal da ANSP