As inteligências artificiais generativas (I.As) vieram para ficar e estão destinadas a mudar o mercado de trabalho como conhecemos, assim como a forma que fazemos negócios. Carreiras que outrora eram consideradas tradicionais deixarão de existir, assim como outras nascerão. Hoje, contudo, temos mais perguntas do que respostas, porque a revolução da I.A, uma vez que essa tecnologia ainda está no que podemos chamar de sua “primeira infância”. Essas são as considerações de Pedro Nazareth, diretor de novos negócios do maior marketplace de serviços da América Latina, o GetNinjas, durante a Feira do Empreendedor do Sebrae, no último dia 14 de outubro, no Expo São Paulo.
O executivo foi um dos palestrantes do evento, onde falou por mais de 40 minutos sobre a importância do uso da tecnologia para alavancar os negócios. Neste tempo, Nazareth discorreu sobre o panorama atual da tecnologia, seus potenciais impactos nos diferentes setores da economia e nos modelos de negócios tradicionais, as métricas para mensuração do desenvolvimento de negócios e os desafios atuais trazidos pelas novas plataformas.
Pedro Nazareth defendeu que, embora o potencial das I.As seja de revolucionar o mundo, assim como ocorreu com a eletricidade. Para defender seu ponto, o executivo deu um exemplo de uma tecnologia que nós já vimos avançar: a computação em nuvem. “Ninguém mais anda com pen-drive no bolso ou usa HDs físicos para armazenar arquivos, está tudo na nuvem”, explicou. “Há 10 anos atrás isso seria impensável, mas naturalmente foi mudando e hoje está tudo na nuvem”, completou.
Blockchain, IoT, 5G, Big Data e Analytics
As inteligências artificiais generativas, como ChatGPT, da Open AI, Copilot, da Microsoft, e Gemini, do Google, são sistemas de aprendizado de máquina e automação inteligente, capazes de transformar processos e tomadas de decisão. Embora elas sejam vistas como as protagonistas da revolução digital que veremos nos negócios do futuro, esse processo contará com ajuda de outros atores, como blockchain, 5G, internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), sistemas capazes de analisar grande volume de análise de dados (Big Data) e a nossa velha conhecida computação em nuvem, que não podem ser considerados meros coadjuvantes nesse processo.
Quando falamos de pequenos e médios negócios, a computação em nuvem permite acesso a uma infraestrutura de softwares acessíveis que podem ser contratados sob demanda, proporcionando ao empreendedor uma estrutura escalável e de baixo custo. O IoT (Internet das Coisas) também desempenha um papel crucial na captura de dados em tempo real para pequenos negócios.
Um exemplo simples de uso são sensores instalados em estoque conectados via IoT, que podem monitorar em tempo real a quantidade de produtos disponíveis, sincronizando automaticamente as vendas realizadas tanto na loja física quanto nos marketplaces online. Isso evita problemas de estoque, como vender um produto que já acabou, e melhora a experiência do cliente ao garantir atualizações precisas de disponibilidade. Além disso, a análise desses dados pode otimizar o gerenciamento de inventário, ajudando o empreendedor a planejar melhor suas reposições e a prever a demanda por produtos com base em tendências de vendas.
A análise de grande volume de dados, ou big data, ajuda a gerar insights que podem dar suporte na tomada de decisões estratégicas, da mesma forma que os sistemas de aprendizado de máquina e automação inteligente, que são as bases para os sistemas de inteligência artificial generativa.
O papel da tecnologia na jornada de compras
Pedro Nazareth trouxe dados relevantes sobre o panorama atual da tecnologia no Brasil. O país, por exemplo, é líder mundial no uso do WhatsApp, segundo dados do Panorama Mobile Time, e, diferente do que ocorre em outros mercados, a plataforma da Meta é usada no Brasil para geração de leads, atendimento pós-venda, sendo a maneira preferencial dos clientes para serem contatados. “Na Europa ou nos Estados Unidos, se você manda um e-mail ou um SMS para um cliente, a taxa de resposta é muito mais alta. Aqui, se tentar qualquer coisa diferente do WhatsApp tem uma taxa de retorno muito baixa, explicou o executivo.
O aplicativo de mensagens mais popular do Brasil pode ser incrementado pelas novas tecnologias, como ferramentas de chatbots para automatizar atendimentos. “Hoje, com um investimento mensal relativamente baixo, você coloca uma ferramenta de chatbot para atender via WhatsApp, isso agiliza o que é mais simples de resolver, fideliza o cliente e permite personalizar seu serviço com base em dados das interações dos clientes com o robô”.
Outro ponto importante apresentado por Nazareth foi a importância regional do Brasil no comércio eletrônico. Atualmente, nós somos o maior mercado da América Latina para o e-commerce, com 85% dos brasileiros já tendo comprado pela internet pelo menos uma vez. Segundo dados da consultoria McKinsey, esse processo foi amplamente acelerado pela pandemia da Covid-19, que teve seu auge entre o fim do primeiro semestre de 2020 e o segundo semestre de 2021. Neste período, o processo de adoção da tecnologia para compras foi acelerado em pelo menos sete anos.
Nazareth também destacou que a adoção de novas tecnologias, como é o caso do blockchain, pode dar mais praticidade, segurança e credibilidade aos meios de pagamento. As redes sociais, por sua vez, têm uma importância cada vez maior, atuando como plataformas multilaterais de negócios, ferramentas multi-canal de comunicação e veículos de divulgação de produtos e serviços, ou seja, meios para novos negócios e fidelização de clientes. “Estamos em um momento em que o empreendedorismo digital não é mais uma opção, mas uma necessidade para aqueles que desejam se manter competitivos e relevantes, independente do tamanho e da área em que esse empreendedor atue”, concluiu Nazareth.